Transposição: meta do Governo é obra estar a pleno vapor em julho

O senador Humberto Costa (PT-PE), relator da comissão externa do Senado para acompanhar as obras da transposição do Rio São Francisco, deverá entregar um relatório preliminar sobre a situação do empreendimento e, após novas visitas que acontecerão no começo de agosto, apresentar um relatório preliminar. “Ficou estabelecido como meta, dada pelo próprio Governo Federal, que no final de julho nos teríamos todos os lotes da obra em pleno funcionamento”, diz. Em entrevista para a rádio Senado e para o site da Liderança do PT no Senado, Humberto afirma estar otimista com a possibilidade de já em 2014 estarem concluídas 100 quilômetros de cada eixo – Leste e Oeste – que levarão água potável para milhares de habitantes da região, que hoje sofrem com uma das mais fortes estiagens da história.

Segundo Humberto Costa, em agosto haverá
outra vistoria para verificar o andamento
das obras

Rádio Senado – Quando o senhor pretende entregar seu relatório sobre a transposição do Rio São Francisco?

Humberto Costa – Na verdade a nossa comissão tem vida até o mês de dezembro deste ano. Em agosto, provavelmente, nós vamos apresentar um relatório preliminar, porque nós, num primeiro momento da comissão, recebemos aqui os ministérios, recebemos também as empresas, os órgãos de controle e também fizemos duas visitas às obras. Ficou estabelecido como meta, dada pelo próprio governo, que no final do mês de julho nós já teríamos todos os lotes da obra em pleno funcionamento. Então, nossa ideia, no começo de agosto, é fazermos uma nova visita para confirmar se todos os lotes estão em obras. A partir daí eu elaborarei um relatório preliminar para que no segundo semestre a gente possa fazer o acompanhamento da obra e um relatório definitivo.

Rádio Senado – Essa visita em agosto é no trecho Pernambuco – Paraíba ?

Humberto Costa – Não, provavelmente nós vamos visitar tudo. Nós vamos visitar o Eixo Leste e o Eixo Norte, porque havia alguns lotes do trecho Leste que não tinham sido licitados. Agora nós vamos ter a licitação concluída, segundo o Ministério da Integração. O que nós queremos ver é se aquilo que nos foi dito pelo ministério foi efetivamente cumprido e isso tem que ser nos dois eixos.

PTnoSenado – O senhor poderia traçar um panorama de como tem sido os trabalhos dessa comissão externa da transposição do Rio São Francisco?

Humberto Costa – A comissão tem trabalhado no sentido de discutir os problemas que fizeram com que as obras tivessem uma desaceleração. Por conta disto, nós ouvimos o governo, ouvimos as empresas, ouvimos os órgãos de controle e nós estávamos interessados para que os possíveis entraves fossem resolvidos. O Ministério da Integração nos confirmou que estava resolvendo esses entraves. Ao mesmo tempo nós fizemos duas visitas às obras onde pudemos constatar que vários lotes já estavam em funcionamento, mas existiam aqueles que não estavam licitados, embora a informação do ministério é que terão a licitação concluída em junho ou no máximo em julho. Então, provavelmente, deveremos ter obras no final de julho e começo de agosto. Fizemos as visitas exatamente para constatar a situação e termos uma base para compararmos. Os trabalhos foram esses. No segundo semestre a ideia é que nós façamos audiências públicas nos estados e que continuemos com mais duas visitas, fazendo o acompanhamento das obras até o final do ano quando apresentaremos um relatório final.

PTnoSenado – Esse relatório deve ser indicativo de tudo o que foi feito, corrigido?

Humberto Costa – Sim, na verdade a comissão foi escolhida, aprovada, primeiro que pudesse fazer um trabalho de fiscalização sobre as obras e, segundo, para que pudéssemos ajudar naquilo que fosse de responsabilidade do Senado Federal, para destravar os entraves que eventualmente existissem. Como tal, nós pretendemos que ao final desse trabalho tenhamos dado essa contribuição. Talvez uma possibilidade , quem sabe, é criarmos uma comissão externa para manter o acompanhamento já que a primeira etapa da obra tem previsão de inauguração em setembro de 2014. Seriam 100 quilômetros em um trecho e 100 quilômetros em outro, já atendendo vários municípios.

Rádio Senado – O senhor lamenta que tenha ocorrido essa desaceleração num momento em que o Nordeste sofre com a seca?

Humberto Costa – Com certeza isso foi muito ruim até mesmo pelo simbolismo que tem. Mas conseguimos entender que esses entraves aconteceram porque a obra teve que ser licitada de imediato para que se consolidasse como uma obra. Todos se lembram que existiam muitas resistências quanto a isso e a decisão do presidente Lula de fazer a licitação com projetos básicos era uma resposta no sentido de colocar que a obra realmente ia acontecer, ia sair do papel. E por conta da licitação ter sido feita com projetos básicos, não havia um estudo pormenorizado da qualidade do solo, de trajetos, enfim, foi preciso fazer toda essa readaptação agora.

Grande obra

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Em 2014, deverão estar concluídos 100
quilômetros de cada eixo – Leste e
Oeste – que levarão água potável para
milhares de habitantes da região nordeste

 

A construção da transposição do rio São Francisco é uma obra que pode ser considerada como o maior investimento hídrico do Brasil e um dos maiores do mundo, com trajeto de 400 quilômetros de canais, túneis, barragens e estações de elevação, com potencial de atendimento de no mínimo 12 milhões de pessoas.

Mais de 4,6 mil trabalhadores contratatos atuam nos canteiros de obras e, com os salários recebidos, geram uma nova ordem econômica na região, com vagas nos hotéis, restaurantes, padarias, farmácias, escolas e uma infinidade de negócios. Essa realidade ocorre em cidades como Salgueiro e Cabrobó, no Pernambuco, Jati e Brejo Santo, no Ceará, e Cajazeiras na Paraíba.

Foto: Divulgação Ministério da Integração Nacional/Adalberto Marques

Marcello Antunes

Confira artigo de Humberto Costa publicado no Jornal Diário de Pernambuco

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