Com a mesma argumentação da defesa do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) – a de que as provas colhidas na Operação Monte Carlo da Polícia Federal são ilegais – os advogados do contraventor Carlos Cachoeira, comandados pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, entraram com habeas corpus no dia de ontem pedindo a anulação do processo. A ação foi recebida pelo desembargador Fernando Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF), que atendeu parcialmente ao pedido suspendendo as audiências marcadas para os dias de hoje e amanhã (31/05 e 1º/06). Quatorze pessoas seriam ouvidas, inclusive o próprio contraventor e seus principais colaboradores.
A decisão de Tourinho ocorreu por volta das dez da noite de ontem, horas depois da entrada do pedido de habeas corpus. Ele justificou sua ordem com base na “falta de dados complementares” sobre os aparelhos monitorados pela polícia, com autorização da Justiça, suspendendo qualquer trabalho no tribunal, até que Cachoeira tenha pelo menos quatro horas de conversa privada entre o contraventor e seus advogados. A decisão liminar ainda pode ser revista pelo TRF da 1ª Região.
No mesmo pedido de habeas corpus, a defesa de Cachoeira também criticou o desmembramento do processo entre os réus presos (8) e em liberdade (73), alegando que isso estava prejudicando o conhecimento das provas e depoimentos colhidos nos dois lados. O desmembramento foi adotado justamente para dar maior agilidade ao trâmite dos processos nos tribunais. O desembargador Tourinho Neto também considera que a separação do processo foi equivocada, sem determinar, entretanto, qualquer providência em relação a isso.