Traição nacional

Um ano de servilismo aos Estados Unidos e ao capital financeiro

O abandono da soberania nacional é a marca do atual governo, como nunca se verificou na história do país  
Um ano de servilismo aos Estados Unidos e ao capital financeiro

Foto: Reprodução

“Estou convencido de que os americanos, ainda mais nessa briga com a China, estão decididos a transformar a América Latina no quintal deles. E é lamentável que um país do tamanho do Brasil se submeta a isso”. A afirmação é do presidente Lula, em sua primeira entrevista após a saída da prisão, ao portal Nocaute, do jornalista Fernando Morais.

A definição do presidente Lula traduz fielmente o perfil e a trajetória do governo Bolsonaro em seu primeiro ano de gestão. A continência à bandeira norte-americana, durante a campanha, sinalizou o alinhamento automático aos Estados Unidos. Ao longo de 2019, a sucessão de ameaças, declarações e fatos evidenciaram o descompromisso do atual governo com a Nação e com o povo brasileiro.

O abandono da soberania nacional é a marca do atual governo, como nunca se verificou na história do país. A posição servil se mostrou em todas as frentes – social, econômica, militar e diplomática. Contrariando até mesmo os governos da ditadura militar, o governo miliciano-militar de Bolsonaro submeteu-se a um servil alinhamento aos Estados Unidos.

A submissão ao capital financeiro se expressou na adoção da PEC 95 e com as reformas trabalhista e previdenciária. As três medidas transferiram recursos da União para os cofres dos grandes bancos. Além disso, a PEC 95 congelou investimentos públicos por 20 anos, inviabilizando o Estado nacional. A isso, o governo ainda apresentou o “AI-5 da economia”, um pacote destinado a transferir recursos da saúde, da educação e do Estado brasileiro para os cofres dos bancos internacionais.

O ataque à soberania nacional também ameaçou as exportações nacionais, apenas para atender aos interesses geopolíticos norte-americanos. Desde que assumiu, o governo Bolsonaro colocou em risco a maioria dos mercados compradores de produtos brasileiros. Abriu guerra com a Argentina, com o Mercosul e com o Oriente Médio. Na reunião dos Brics, pressionado pelo agronegócio nacional, “afinou” nos ataques à China, “um país capitalista”, segundo Bolsonaro.

Uma das iniciativas explícitas de submissão aos Estados Unidos no terreno militar se deu com a indicação de um general brasileiro ao Comando Sul das Forças Armadas (SouthCom). O comando é uma parte subordinada do Comando Sul dos Estados Unidos, que atua em 32 países na América Central, América do Sul e Caribe. O general indicado é o primeiro oficial brasileiro a servir nessa função.

Apesar de tamanha submissão, Trump frustrou as contrapartidas antecipadamente festejadas pelo governo. O governo dos EUA não indicou o Brasil para integrar OCDE (Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico). Por outro lado, em novo revés, os EUA negaram a abertura de seu mercado para a carne bovina in natura do Brasil, pauta das negociações da parceria estratégica acertada com o presidente Donald Trump.

Diante das agressões, os parlamentares do Congresso Nacional criaram a Frente Parlamentar em Defesa da Soberania, formada pelos partidos de oposição, e presidida pela senadora Zenaide Maia (PROS-RN), tendo como vice o deputado Patrus Ananias (PT-MG). No lançamento, o senador Jaques Wagner afirmou que a frente surgiu para garantir o futuro do Brasil, defender as riquezas naturais e o patrimônio público.

 

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