A ata da última reunião do Copom (Conselho de Política Monetária) divulgada na última quinta-feira (26) pelo Banco Central não deixa dúvidas quanto ao futuro tranquilo da economia brasileira, muito bem casada com a política de redução de juros da presidência de Alexandre Tombini, que já contagia, no bom sentido, todo o mercado financeiro.
Após derrubar por duas vezes consecutivas em 0,75 a taxa básica de juros da economia, de 10,5% para 9,75% em março e de 9,75% para 9% agora em abril, a ata do Copom sinaliza uma rodada de cortes menores para os próximos meses, porém constantes.
A julgar pela “parcimônia” apontada pela ata para as futuras movimentações do Copom em relação à taxa de juros, as próximas reduções da Selic devem se situar em torno de 0,25% ao mês. De tal forma que, em três meses, a depender das condições principalmente da economia internacional, podemos ostentar uma taxa de juros anual de 8,25%.
Descontada a inflação de 4,5% já atualizada pelo Banco Central para este ano, após um longo e tenebroso inverno o Brasil poderá comemorar já em 2012 o seu ingresso no mundo das taxas de juros mais civilizadas. Principal item do chamado “custo Brasil”, essa redução se constituirá em forte aliado da competitividade da nossa economia.
Como defendemos em artigo anterior, uma adesão do Banco do Brasil à política de redução de juros do Banco Central, fazendo com que a queda da Selic chegasse ao consumidor, contribuiria para empurrar todo o mercado financeiro na mesma direção.
Ao Banco do Brasil aliou-se imediatamente a Caixa Econômica Federal e após breve resistência e até mesmo uma tentativa da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) de exigir do governo medidas compensatórias para concordar em reduzir seus spreads, os grandes bancos privados também reduziram suas taxas de juros.
A redução dos juros foi além do cheque especial, do cartão de crédito e do crédito direto ao consumidor, e depois das linhas de crédito para as empresas chega agora aos financiamentos habitacionais. Em menos de um mês, o país assiste a uma quase revolução nas taxas de juros praticadas por seus agentes financeiros, e isso é muito bom para a economia.
Com o estímulo aos financiamentos habitacionais, a indústria da construção civil com seu fator multiplicador com diversos outros setores industriais dará uma forte contribuição para a ampliação do mercado interno e para sustentar o crescimento do PIB este ano em torno de 4,5%, independente do comportamento da economia internacional.
Os indicadores econômicos indicam esta direção. A queda dos juros já levou a uma redução da inadimplência, que não ocorria desde dezembro de 2010, e esta puxou uma diminuição dos spreads cobrados pelos bancos em 0,5% em apenas um mês, variando de 28% em fevereiro para 27,5% em março. E vai liberar R$ 10 bilhões para o consumo, este ano.
Temos, portanto um céu de brigadeiro no horizonte, prometendo um voo seguro e uma aterrissagem tranquila da economia. Que conta ainda com a tonificação do governo federal, que só esta semana anunciou investimentos de R$ 32 bilhões em obras de mobilidade urbana nos 151 municípios com população superior a 700 mil habitantes, depois de liberar outros R$ 2,3 bilhões para minorar os efeitos da seca que se abate sobre o Nordeste.
Artigo publicado no site Congresso em Foco