ARTIGO

Um novo modelo de crescimento

“Insisto na necessidade de investirmos em novas matrizes de desenvolvimento, que articulem iniciativas e impulsionem um ciclo de crescimento econômico sustentável”
Um novo modelo de crescimento

Alessandro Dantas

O cenário de esgotamento do neoliberalismo nos desafia a buscar alternativas de crescimento. A concentração de riquezas e o aumento das desigualdades geraram mais desemprego e miséria. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura indica que 851 milhões de pessoas passam fome no mundo. Enquanto isso, 26 famílias somam mais riquezas que 3,8 bilhões de pessoas.

Insisto na necessidade de investirmos em novas matrizes de desenvolvimento, que articulem iniciativas e impulsionem um ciclo de crescimento econômico sustentável. Esse tem sido o centro das discussões que temos promovido no Senado e de debates sobre o tema no Brasil e no exterior.

Em janeiro, a BlackRock, maior administradora de fundos do mundo, divulgou carta anual anunciando que colocará a sustentabilidade no centro de suas decisões de investimento. O fundador e CEO da empresa destaca que a emergência climática está alterando a maneira como os investidores veem as perspectivas de longo prazo das empresas e que a conscientização está mudando rapidamente. Sua carta tem a capacidade de influenciar e mudar as discussões nas reuniões dos Conselhos de Administração de empresas em todo o mundo.

A economia solidária e a agricultura familiar também são importantes vetores. No Brasil, já são mais de 30 mil empreendimentos solidários, que geram renda para mais de 2 milhões de pessoas e respondem por 3% do PIB. Temos trabalhado para que essa pauta ocupe a centralidade do debate econômico. Uma Proposta de Emenda à Constituição de minha autoria insere a Economia Solidária nos princípios da Ordem Econômica do país.

No final deste mês, o Papa Francisco debaterá com 2 mil economistas e empreendedores jovens de 115 países, na Itália, uma economia inclusiva e humanista, que corrija “os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das futuras gerações.”

Ou seja, o mundo está mobilizado em buscar soluções que invertam a lógica excludente e que façam germinar o crescimento, a inclusão e a preservação ambiental. É nesta agenda que trabalhamos e para a qual convidamos todos e todas que se preocupam com os rumos da nossa economia, do nosso planeta e da humanidade.

Artigo publicado originalmente no jornal O Povo (CE)

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