ARTIGO

Urgência ambiental – artigo de Jaques Wagner

"A pauta é urgente e o planeta não pode esperar. Defendo que neste novo ano legislativo tenhamos uma consistente agenda ambiental, construída por ampla rede de agentes públicos e movimentos, sintonizada com uma nova relação do homem e da economia com o planeta", defende o senador, em artigo.
Urgência ambiental – artigo de Jaques Wagner

Foto: Alessandro Dantas

Ao tomar posse, o novo presidente norte-americano Joe Biden fez das pautas ambientais uma marca do seu governo. Como ato inaugural do mandato, assinou o retorno dos EUA ao Acordo de Paris, para conter o aquecimento global, e anunciou mudanças na matriz energética, a criação de um conselho de justiça ambiental e um plano de US$ 2 trilhões para instalar “medidas verdes” na economia do país. Em entrevista para a Folha de S. Paulo, Pascal Canfin, presidente da Comissão de Meio Ambiente do Parlamento Europeu, disse que, progressivamente, o bloco fechará o mercado aos produtos que contribuem para o desmatamento. Uma economia de baixo carbono foi discutida no Fórum Econômico Mundial. Ou seja, a agenda ambiental está no centro dos debates mundiais da atualidade.

E, na contramão deste movimento, está o Brasil, ocupando a humilhante posição de pária no cenário internacional. Temos a maior floresta tropical e a maior biodiversidade do mundo. No entanto, somos governados por negacionistas, com uma política irresponsável que levou a recordes de desmatamentos e queimadas em 2020. Enquanto trabalhávamos para cuidar da saúde da população e para garantir um auxílio emergencial fundamental para sobrevivência de milhões de brasileiros, o governo “passava a boiada” nas regras que protegem as riquezas naturais.

A pauta é urgente e o planeta não pode esperar. Defendo que neste novo ano legislativo tenhamos uma consistente agenda ambiental, construída por ampla rede de agentes públicos e movimentos, sintonizada com uma nova relação do homem e da economia com o planeta. Sou obstinado por um modelo de desenvolvimento no qual os eixos econômico, social e ambiental andem articulados, pois sem qualquer um desses aspectos, falharemos na nossa missão.

Cabe ao Parlamento, diante da agenda devastadora do governo, liderar este movimento de forma democrática e sem preconceitos. A defesa ambiental não é uma questão de esquerda ou de direita, mas de pessoas e organizações responsáveis com o presente e o futuro. Espero que os terraplanistas daqui se inspirem nessa agenda contemporânea que coloca as questões climáticas no centro das decisões. Somente de forma integrada será possível disseminar políticas de prevenção, controle e proteção do meio ambiente. O tempo é o presente. A hora é agora.

Artigo publicado originalmente pelo jornal O Povo (CE)

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