A participação do Brasil no G7, grupo que reúne aquelas que são consideradas as economias mais avançadas do mundo, resolveu de uma vez só dois problemas enfrentados nos últimos anos: pôs fim ao isolamento político protagonizado nas gestões Michel Temer e Jair Bolsonaro – o país foi convidado após 15 anos ausente – e reinseriu o país no centro do debate dos problemas globais. O presidente Lula aproveitou a vitrine para denunciar o fracasso das potências em lidar com as crises internacionais e a cegueira diante das reivindicações das nações emergentes.
“Temos um presidente que alerta o mundo para a urgente necessidade de uma nova ordem. Velhas estruturas não podem lidar com os desafios atuais”, disse o senador Humberto, no Twitter, ao comentar reportagem do UOL sobre o tema.
De acordo com o UOL, o posicionamento do presidente foi “recebido com alívio pela cúpula da ONU”. A entidade também denuncia uma crise no sistema internacional de poder e um impasse político diante da recusa das potências em modificar a forma de lidar com os desafios. Lula acusou governos estrangeiros de terem abandonado outras crises pelo mundo – especialmente aquelas fora da Europa.
O presidente brasileiro defende uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Para ele, a organização não possui autoridade para discutir um processo de paz. No domingo (21), Lula havia se posicionado da mesma forma em reunião com o secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres.
“Estou reclamando uma mudança no Conselho de Segurança da ONU”, destacou Lula. “Que entre mais países da América Latina, mais países da África, que entre o Japão, a Alemanha, a Índia. Que entre países importantes. A África tem 54 países, por que a África não tem um ou dois representantes?”, questionou.
Lula também voltou a defender um cessar-fogo na Ucrânia e criticou os países envolvidos no conflito. “Só é possível discutir a paz quando o Zelensky e o Putin quiserem discutir a paz”, declarou. “Não é possível construir uma proposta em guerra. Queremos que primeiro pare os ataques e depois a gente encontre uma saída negociada. É assim que a gente vai encontrar a paz. Ninguém tem um modelo pronto, o modelo pronto será deles”.
Para Teresa Leitão, a volta de Lula ao G7 – único presidente brasileiro a participar do evento – reflete a importância da liderança do petista não só no país, mas no mundo. “O Brasil voltou e o orgulho pelo nosso país também”, disse.
Encontros bilaterais
A diplomacia brasileira aproveitou a oportunidade para fazer uma série de reuniões bilaterais. A primeira delas ocorreu na sexta-feira (19) com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese. O tema principal foi o meio ambiente, já que a Austrália tem projetos de investimento na produção de hidrogênio verde no Ceará. Mas também foram discutidas as relações de trabalho na era digital, tema caro ao primeiro-ministro, que também veio do trabalhismo, como o presidente brasileiro.
Na sequência, o presidente teve encontros com autoridades de vários países, entre eles os primeiros-ministros do Japão, Fumio Kishida, da Alemanha, Olaf Scholz, do Vietnã, Pham Minh Chinh, os presidentes da Indonésia, Joko Wikodo, da França, Emmanuel Macron, e o secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Com o Japão, em particular, o presidente Lula avançou em tratativas para atrair investimentos privados ao Brasil e investimentos do governo japonês na área de saúde.
Sistema financeiro e meio ambiente
Lula fez dois discursos na Cúpula do G7, um no sábado (20), outro no domingo. O primeiro abordou a arquitetura econômica global. Já o segundo foi centrado na guerra da Ucrânia e no Conselho de Segurança da ONU.
O presidente confirmou que é uma das poucas lideranças mundiais com autoridade para apontar crises econômicas e desigualdades sociais desenvolvidas por um sistema financeiro criado por países ricos. E acusou: o sistema “expôs a fragilidade dos dogmas e equívocos do neoliberalismo”.
“O sistema financeiro global tem que estar a serviço da produção, do trabalho e do emprego. Só teremos um crescimento sustentável de verdade direcionando esforços e recursos em prol da economia real”, observou o presidente.
Em seguida, ele tratou de meio ambiente. “O mundo passa hoje por uma crise que não afeta a todos da mesma forma, nem no mesmo grau, nem no mesmo ritmo. Mais de 3 bilhões de pessoas já são diretamente atingidas pela mudança do clima, em especial em países de renda média e baixa”, discursou.
Ele cobrou a fatura dos países ricos para que cumpram a promessa de depositar 100 bilhões de dólares por ano para ações climáticas. Segundo o petista, “não adianta os países e regiões ricos avançarem na implementação de planos sofisticados de transição se o resto do mundo ficar para trás ou, pior ainda, for prejudicado pelo processo”.
Com informações do PT Nacional