Lula no G7

“Velhas estruturas não podem lidar com desafios atuais”, diz Humberto

Senadores do PT destacam volta do protagonismo do Brasil nos debates geopolíticos após anos de isolamento político
“Velhas estruturas não podem lidar com desafios atuais”, diz Humberto

Humberto destacou posicionamento do presidente Lula durante reunião do G7, recolocando o Brasil como protagonista nos temas internacionais. Foto: Ricardo Stuckert

A participação do Brasil no G7, grupo que reúne aquelas que são consideradas as economias mais avançadas do mundo, resolveu de uma vez só dois problemas enfrentados nos últimos anos: pôs fim ao isolamento político protagonizado nas gestões Michel Temer e Jair Bolsonaro – o país foi convidado após 15 anos ausente – e reinseriu o país no centro do debate dos problemas globais. O presidente Lula aproveitou a vitrine para denunciar o fracasso das potências em lidar com as crises internacionais e a cegueira diante das reivindicações das nações emergentes.

“Temos um presidente que alerta o mundo para a urgente necessidade de uma nova ordem. Velhas estruturas não podem lidar com os desafios atuais”, disse o senador Humberto, no Twitter, ao comentar reportagem do UOL sobre o tema.

De acordo com o UOL, o posicionamento do presidente foi “recebido com alívio pela cúpula da ONU”. A entidade também denuncia uma crise no sistema internacional de poder e um impasse político diante da recusa das potências em modificar a forma de lidar com os desafios. Lula acusou governos estrangeiros de terem abandonado outras crises pelo mundo – especialmente aquelas fora da Europa.

O presidente brasileiro defende uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Para ele, a organização não possui autoridade para discutir um processo de paz. No domingo (21), Lula havia se posicionado da mesma forma em reunião com o secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres.

“Estou reclamando uma mudança no Conselho de Segurança da ONU”, destacou Lula. “Que entre mais países da América Latina, mais países da África, que entre o Japão, a Alemanha, a Índia. Que entre países importantes. A África tem 54 países, por que a África não tem um ou dois representantes?”, questionou.

Lula também voltou a defender um cessar-fogo na Ucrânia e criticou os países envolvidos no conflito. “Só é possível discutir a paz quando o Zelensky e o Putin quiserem discutir a paz”, declarou. “Não é possível construir uma proposta em guerra. Queremos que primeiro pare os ataques e depois a gente encontre uma saída negociada. É assim que a gente vai encontrar a paz. Ninguém tem um modelo pronto, o modelo pronto será deles”.

Para Teresa Leitão, a volta de Lula ao G7 – único presidente brasileiro a participar do evento – reflete a importância da liderança do petista não só no país, mas no mundo. “O Brasil voltou e o orgulho pelo nosso país também”, disse.

Encontros bilaterais

A diplomacia brasileira aproveitou a oportunidade para fazer uma série de reuniões bilaterais. A primeira delas ocorreu na sexta-feira (19) com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese. O tema principal foi o meio ambiente, já que a Austrália tem projetos de investimento na produção de hidrogênio verde no Ceará. Mas também foram discutidas as relações de trabalho na era digital, tema caro ao primeiro-ministro, que também veio do trabalhismo, como o presidente brasileiro.

Na sequência, o presidente teve encontros com autoridades de vários países, entre eles os primeiros-ministros do Japão, Fumio Kishida,  da Alemanha, Olaf Scholz, do Vietnã, Pham Minh Chinh, os presidentes da Indonésia, Joko Wikodo, da França, Emmanuel Macron, e o secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Com o Japão, em particular, o presidente Lula avançou em tratativas para atrair investimentos privados ao Brasil e investimentos do governo japonês na área de saúde.

Sistema financeiro e meio ambiente

Lula fez dois discursos na Cúpula do G7, um no sábado (20), outro no domingo. O primeiro abordou a arquitetura econômica global. Já o segundo foi centrado na guerra da Ucrânia e no Conselho de Segurança da ONU.

O presidente confirmou que é uma das poucas lideranças mundiais com autoridade para apontar crises econômicas e desigualdades sociais desenvolvidas por um sistema financeiro criado por países ricos. E acusou: o sistema “expôs a fragilidade dos dogmas e equívocos do neoliberalismo”.

“O sistema financeiro global tem que estar a serviço da produção, do trabalho e do emprego. Só teremos um crescimento sustentável de verdade direcionando esforços e recursos em prol da economia real”, observou o presidente.

Em seguida, ele tratou de meio ambiente. “O mundo passa hoje por uma crise que não afeta a todos da mesma forma, nem no mesmo grau, nem no mesmo ritmo. Mais de 3 bilhões de pessoas já são diretamente atingidas pela mudança do clima, em especial em países de renda média e baixa”, discursou.

Ele cobrou a fatura dos países ricos para que cumpram a promessa de depositar 100 bilhões de dólares por ano para ações climáticas. Segundo o petista, “não adianta os países e regiões ricos avançarem na implementação de planos sofisticados de transição se o resto do mundo ficar para trás ou, pior ainda, for prejudicado pelo processo”.

Com informações do PT Nacional

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