cartas marcadas

Venda da Eletrobrás deve enriquecer ainda mais investidores

Governo planeja aceitar títulos da dívida pública como pagamento por ações da empresa. Ideia foi considerada um "escárnio" pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE)
Venda da Eletrobrás deve enriquecer ainda mais investidores

Arte: Agência PT

O processo de privatização da Eletrobras, atualmente estacionado em julgamento do Tribunal de Contas da União (TCU), começa a mostrar a que veio. Nesta sexta-feira (29), reportagem do jornal O Estado de S. Paulo expôs o jogo de compadres que se avizinha: o governo do ministro-banqueiro Paulo Guedes e seus amigos investidores do mercado financeiro planejam trocar títulos da dívida pública por ações da empresa, assim que a venda for concluída.

A intenção foi classificada pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) como “escárnio”. “Privatizar a Eletrobras é abrir mão da nossa soberania e inviabilizar a ação do governo no setor elétrico. Fazer isso com dívidas do governo dá a medida do entreguismo de Guedes e Bolsonaro”, reagiu.

De acordo com a publicação, a ideia dos detentores dos títulos da dívida pública é usar esses valores como moeda para comprar ações da empresa, numa operação, no mínimo, duvidosa, uma vez que terá como principal beneficiário o investidor. O governo, por sua vez, em vez de receber recursos com a venda de ações, abateria o valor das dívidas junto aos credores.

Essa troca de dívida por ações está sendo analisada, segundo o jornal, pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e pelo Tesouro Nacional, mas haveria questões operacionais sendo definidas com a Advocacia-Geral da União e com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Existe a possibilidade de a definição acontecer apenas em 2023.

A privatização da Eletrobras está sendo analisada pelo TCU e no momento está suspensa em razão de pedido de vista coletivo concedido ao relator revisor do processo, Vital do Rêgo. Ele vem denunciando nas sessões do tribunal a subavaliação perto de R$ 63 bilhões no valor da empresa, que deixaria de ser controlada pela União a preço de banana.

Além disso, especialistas e movimentos sociais do setor são taxativos ao afirmar que a venda do controle público da empresa vai resultar em aumento da conta de luz e de riscos de apagão, uma vez que o lucro passará a ser o principal objetivo do proprietário privado, e não a oferta de energia a preço justo para a população.

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