O volume de cachaça adquirido pelos Estados Unidos aumentou em 12,62% de janeiro a junho de 2012, se comparado aos primeiros seis meses de 2011, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (16/07), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. De acordo com o ministério, o reconhecimento da bebida como “genuinamente brasileira” alavancou as exportações. A medida ocorreu oficialmente durante a visita do presidente americano Barack Obama ao Brasil, no início de abril, após mais de dez anos de negociações.
O presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cachaça (fórum consultivo ligado ao Ministério da Agricultura), Vicente Bastos Ribeiro, acredita que o fato de o rótulo do destilado brasileiro poder levar o nome de cachaça já representa um indicativo para o crescimento do mercado nos próximos dois anos. “Mesmo com o crescimento da exportação para os Estados Unidos, o valor alcançou pouco mais de US$ 1 milhão neste ano.
Atualmente, o produto é exportado para mais de 60 países. Entre os principais mercados de destino estão Alemanha, Estados Unidos, Portugal e França. Em 2011 cerca de 90 empresas exportaram um total 9,80 milhões de litros, gerando uma receita de US$ 17,3 milhões. Desse total, pouco mais de 10% foi vendido para os Estados Unidos.
Obtida pela destilação do caldo de cana-de-açúcar fermentado, a cachaça é tradicionalmente usada na elaboração da caipirinha, que virou marca do Brasil no exterior. O setor tem uma capacidade de produção de 1,2 bilhão de litros, mas ainda menos de 1% da cachaça produzida anualmente é exportada. Os produtores apostam no reconhecimento para mudar essa situação.
De Brazilian Run a Cachaça
Até abril passado, a cachaça era identificada nos Estados Unidos como Brazilian Rum (rum brasileiro), devido à forma de classificação das bebidas adotadas pela legislação local, que inseria os dois produtos na mesma categoria por utilizarem cana-de-açúcar como matéria-prima. Agora, as bebidas destiladas de cana identificadas como cachaça só podem ser vendidas nos EUA se forem produzidas no Brasil.
“Em princípio, a mudança é importante para evitar que a cachaça se torne mais uma bebida destilada genérica, como a vodca”, explica Vicente Bastos Ribeiro. De acordo com dados do setor, a mais brasileira das bebidas é o terceiro maior destilado do mundo, atrás da Vodca e do Soju (destilado originário da Coreia, feito de arroz).
A primeira cachaça foi fabricada oficialmente em terras brasileiras em 1536. Até hoje, a produção está concentrada em empresas familiares, regionais, e muitas de pequeno porte. Estima-se que existam mais de 30 mil produtores e 4 mil marcas de cachaça no Brasil. As microempresas correspondem a 99% do total de produtores. Suas atividades agropecuárias incluem a produção de milho, feijão, café, e leite, entre outras, e a produção de cachaça.
Depois da cerveja, a cachaça é a segunda bebida alcoólica mais consumida no país. São Paulo é o maior produtor de cachaça industrial. Minas Gerais é o estado mais especializado na produção de cachaça artesanal. O setor da cachaça é responsável pela geração de mais de 600 mil empregos diretos e indiretos.
Portal Planalto e Ministério da Agricultura
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