Viana: não é possível que se vá interromper o caminho que estava colocando o Brasil em uma posição de destaque no mundoO senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado, afirmou na noite desta terça-feira (7), em discurso, que a decisão do governo provisório de acabar com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação significa um passo atrás em todos os avanços obtidos a partir do governo Lula. Viana lembrou que a pesquisa científica e os trabalhos feitos por pesquisadores cresceram de maneira exponencial a partir de 2003 e a criação das novas universidades deram as bases para o aprofundamento do conhecimento.
No entanto, a decisão de juntar o ministério da Ciência e Tecnologia com o de Comunicações, que nada tem a ver um com o outro, vai levar o Brasil a andar para trás, principalmente porque os países que investiram nessa área tiveram um desenvolvimento social notável. Ele citou como exemplo a Coreia do Sul, a China e os Estados Unidos, especificamente o estado americano da Califórnia. “Transformaram um deserto num espaço de referência para a indústria. O segredo foi transformar o conhecimento científico em negócios. Hoje inúmeras indústrias, inclusive a farmacêutica, estão indo para essa região”, afirmou.
Para o senador, extinguir o MCT é um retrocesso, também, para os pesquisadores da Amazônia, que detém 20% de toda a biodiversidade do planeta.
Viana disse que assumirá o compromisso com a comunidade científica do Acre – que cresce a cada dia, por causa da aposta dos governos do estado e federal (Lula e Dilma) – para fazer com que os vetos à Lei 13.243/2016 sejam incorporados numa Medida Provisória. Essa lei diz respeito ao Marco Regulatório da Ciência e Tecnologia e Viana foi um dos autores do projeto. “Lutamos para aprovar essa lei, recebendo apoio de maneira suprapartidária. Agora, temos o marco regulatório mas não temos o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação”, criticou.
Ontem, em Rio Branco, Viana encontrou-se com mais de cem pesquisadores do Acre e informou que um novo projeto será apresentado no encontro que acontecerá com representantes da Embrapa, das universidades, da Fundação de Apoio à Tecnologia (Funtac), secretaria de Ciência e Tecnologia e da Fundação de Amparo à Pesquisa, entre outras.
Ao site ContilNet Notícias, Viana afirmou que “nenhum país do mundo faz isso. Não é possível que a gente vá agora interromper esse caminho que estava colocando o Brasil em uma posição de destaque no mundo, saímos de menos de 1% da produção científica mundial para acima de 2,5% porque apostamos na comunidade científica, apostamos na ciência e tecnologia. É por isso que aqui eu faço um apelo. Eu acho que a diminuição de ministérios é importante, mas não podemos tirar um segmento que é estratégico para o País”, disse ele.
Na manhã desta terça-feira o senador fez essa cobrança diretamente ao ministro Gilberto Kassab, titular do Ministério das Comunicações que aglutinou o MCTI. Jorge Viana pediu que seu discurso passasse para os anais do Senado, como registro de uma situação que representa a retirada do Brasil de uma área estratégica.
Marcello Antunes