Viana defende que é preciso incentivar a produção e não garantir a recargaO senador Jorge Viana (PT-AC) antecipou, nesta quarta-feira (1º), que apresentará um substitutivo ao projeto de lei da Câmara (PLC 65/2014) que propõe obriga a instalação de pontos de recarga para veículos elétricos em vias públicas e em ambientes residenciais e comerciais. Viana reconheceu a necessidade de investimento em novas matrizes energéticas e lembrou que a relação entre o número de automóveis e habitantes no Brasil ainda é pequena em relação a outros países, mas disse que seria muito mais justo que o País incentivasse a produção de carros.
“O projeto de lei aprovado na Câmara é meritório porque nos trouxe o debate, mas sem estudar direitinho o custo disso, pode custar muito caro e inviabilizar o projeto do carro elétrico”, disse o senador, que é relator do projeto na Comissão de Infraestrutura (CI). Ele disse que vai ouvir os setores envolvidos na discussão para elaborar uma proposta mais adequada à realidade. “Eu acho que não há como o Brasil ser o endereço do carro elétrico com a carga tributária sendo 55%, enquanto para o carro convencional essa taxa é de 34%”, explicou, em pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira (1°).
Pela manhã, na CI, especialistas e parlamentares foram unânimes: não há como defender prioridade para automóveis desse tipo sem atrelar os investimentos a uma política fiscal incentivadora. Hoje, no Brasil, há cerca de 300 veículos elétricos e híbridos.
Viana disse que há inúmeras vantagens nessa mudança de matriz, especialmente por conta de questões como o clima e a poluição. Para ele, a prioridade número um deveriam ser os investimentos em transporte público de qualidade, porque muitas das cidades brasileiras já não suportam o número de veículos que transitam por suas vias. Mesmo que fosse perfeito, segundo o senador, o transporte coletivo não seria capaz de evitar que a população optasse pelo transporte individual nos fins de semana, por exemplo. E é para esse tipo de situação que o carro elétrico seria o ideal.
“Mas não podemos partir da seguinte lógica: “Põe a conta na viúva, para o consumidor pagar, na conta de luz, o abastecimento do carro, não importa se ele tem ou não”, observou Viana, explicando que essa seria a consequência da aprovação do projeto de lei da forma como ele veio da Câmara.
O senador disse esperar que o Brasil não perca a oportunidade de se tornar um endereço da tecnologia de produção do carro elétrico, porque temos potencial para isso.
Giselle Chassot
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