Viana chama atenção para situação de haitianos no Acre

Apesar da Força do Governo Federal, situação continua complicada porque o estado continuar recebendo imigrantes.

Viana chama atenção para situação de haitianos no Acre

“Nós temos um campo de refugiados, não dá
para usar outra terminologia”, afirmou

Os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Aníbal Diniz (PT-AC) vão visitar a cidade de Brasiléia (AC) na próxima segunda-feira (2), integrando uma missão da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, para avaliar a situação dos refugiados haitianos naquele município. Em pronunciamento ao plenário, nesta sexta-feira (29), Viana denunciou as condições em que estão vivendo as centenas de pessoas que chegam diariamente a seu estado, pela fronteira peruana, fugindo da miséria em seu país de origem.

“Nós temos um campo de refugiados, não dá para usar outra terminologia”, afirmou. O êxodo haitiano para o Acre começou em 2010, após um terremoto arrasar o país, agravando ainda mais a situação do Haiti, onde uma força de paz, a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah), está tenta restabelecer a ordem desde 2004, após o golpe de estado que derrubou o presidente Jean-Bertrand Aristide.

Crise humanitária e exploração

A rota que traz os haitianos ao Acre começa na vizinha República Dominicana (país que divide com o Haiti o território da ilha caribenha de Hispaniola), passa pelo Panamá, Equador e Peru. O fluxo, que em 2010 foi de 37 haitianos ingressando no Brasil pelo município de Brasileira (na fronteira com a Bolívia), não para de crescer. Em 2013, as autoridades já contabilizaram 9.175 refugiados.

“Obviamente, nesse percurso existem a exploração, o risco e o sofrimento dessas pessoas que buscam de uma melhor sorte no Brasil”, denunciou Viana. “Se a história registrou o sonho americano, hoje, de fato, existe, especialmente aqui na América do Sul, o sonho brasileiro”, afirmou o senador, lembrando as grandes levas de imigrantes bolivianos que também enfrentam as condições sub humanas da imigração ilegal, especialmente no estado de São Paulo.

Tráfico humano

Viana alerta para o caráter humanitário da situação dos haitianos, mas destaca que a rota ilegal não faz parte do sonho de integração do Brasil com o Haiti nem é resultado de uma política proativa do País para estender a mão a um povo que sofre as conseqüências de um desastre natural e de gravíssimos problemas sociais. “A rota clandestina que os traz a Brasileia é atividade de uma organização criminosa, os coiotes, traficantes, que, explorando aqueles que não têm mais como ser explorados, fazem o translado dessas pessoas deste o Haiti, até o Panamá, depois para o Equador, atravessam o Peru e chegam na fronteira com a Bolívia”.

O senador acriano destacou o trabalho do Governo brasileiro para resolver a situação. “O governo cumpriu sua parte”, criando uma força tarefa para atender os haitianos, refugiados de fato, mas que não se enquadram na condição de refugiados de direito, de acordo com a relação internacional. “O governo garantiu recursos para o acolhimento dessas pessoas em Brasileia. Mas quem mais se empenhou, quem mais gastou, quem mais assumiu responsabilidade desde o primeiro momento foi o governo do Acre”, que arcou, desde o começo, com as despesas de alimentação e alojamento dos imigrantes.

Rota clandestina

Viana também chama a atenção para o mau uso que os coiotes vêm fazendo da crise humanitária do Haiti, já que o acolhimento do governo brasileiro aos refugiados daquele país vem contribuindo para consolidar Brasileia como porta de entrada de imigrantes ilegais de todas as partes do mundo. Segundo levantamento citado pelo senador, a cidade já recebeu imigrantes de Gâmbia (1), Equador (3), República Dominicana (111), Senegal (414), Camarões (2), Nigéria (7), Colômbia (5). “São todos oriundos de países que enfrentam problemas sociais e econômicos em busca de oportunidades no Brasil.

O senador enfatiza que, para além do drama humanitário, existe uma rede de tráfico de pessoas agindo na fronteira de seu estado, que precisa ser duramente combatida. Ele também alerta para indícios fortes de que o perfil dos imigrantes está mudando. Ele mesmo testemunhou, em diversas visitas aos acampamentos de refugiados, que os que chegavam, geralmente, eram profissionais com alguma qualificação, que vinham para o Brasil trabalhar e ajudar a família. “Agora, as informações é que estão vindo pessoas que podem ser, sim, indesejadas, do ponto de vista de suas intenções. Pessoas que não deveriam, inclusive, deixar o Haiti e que usam a rota clandestina para escapar das exigências para a emissão do visto de entrada no Brasil”.

Campo de refugiados

Viana destacou ainda, o impacto dessa grande leve de imigrantes ilegais sobre a região de Brasileia, uma cidade com menos de 30 mil habitantes, e sobre o Acre, que sem ter as condições necessárias, vem arcando com as conseqüências desse fluxo ilegal. “É óbvio que é alto o risco de manter um acampamento ora com 1.000 pessoas ora com 700, quase 10% da população urbana da cidade”. O senador lembrou que “em respeito ao Haiti e aos haitianos, nós também precisamos encontrar uma solução definitiva e não manter uma situação precária e perigosa, como temos feito até aqui”.

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