Viana critica oposição por escamotear verdade sobre viagem de Dilma

 


Para o senador, a oposição está
espetacularizando os gastos, a partir de
reportagem equivocada sobre a viagem
da presidenta Dilma para assistir à posse
do chefe de Estado do Vaticano. Dilma
receberá o papa Francisco em julho próximo,
no Rio de Janeiro,  na realização da Jornada
da Juventude. 

Se as versões sobre os gastos com a “comitiva” da presidenta Dilma à entronização do papa foram uma tentativa de dar a largada no debate a eleitoral, “a oposição está começando muito mal”, afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC), em discurso ao Plenário, nesta quinta-feira (21). “Querer transformar a equipe de apoio, que acompanha todos os presidentes brasileiros ao exterior, em ‘comitiva’ é uma mentira. “Isso é trabalhar contra o País, é escamotear a verdade”, protestou Viana.

O senador lembrou que todos os chefes de Estado viajam acompanhados de equipes técnica e de apoio, compostas por profissionais de segurança, cerimonial, saúde, tradução, comunicação, diplomatas, entre outros, e que o grupo que foi com Dilma a Roma não difere em número e composição dos que acompanharam outras missões internacionais, “desde o tempo do presidente Fernando Henrique, que várias vezes me deu a honra de me convidar para acompanhá-lo”.

Viana lamentou o jogo de desinformação feito pela oposição e veículos da grande imprensa, que transformaram todo o grupo em “comitiva”, espetacularizando os gastos com a viagem para acompanhar a posse de um chefe de Estado que, além de tudo, tem um peso simbólico para uma parcela expressiva dos brasileiros, no caso do líder da Igreja Católica. A verdadeira comitiva da presidente foi composta apenas pelos ministros Antonio Patriota (das Relações Exteriores), Aloizio Mercadante (Educação), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República), Helena Chagas (Comunicação Social), e o embaixador do Brasil no Vaticano, Almir Franco de Sá Barbuda, que se incorporou ao grupo em Roma.

Em seu pronunciamento, Viana também destacou a manifestação do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que durante a reunião da Comissão de Relações Exteriores, na manhã desta quinta-feira, já havia alertado a necessidade de se saber distinguir fatos de versões e chamando a atenção para a distorção das informações sobre a viagem da presidenta a Roma.

Na última quarta-feira (20), o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) havia ido à tribuna para protestar contra a “a pequena multidão, que seria suficiente para fazer um comício”, que seria a “comitiva” da presidenta. “Dilma foi acompanhada por cerca de 50 pessoas, como qualquer chefe de Estado”, rebateu Viana, destacando que na atual viagem do presidente Barack Obama ao Oriente Médio ele está sendo acompanhado por três mil pessoas das equipes técnica e de apoio.

“A Presidenta Dilma foi conversar com o Papa sobre um dos maiores eventos do mundo, a Jornada da Juventude, que vai ocorrer no Rio de Janeiro. Ela foi tratar dos interesses do nosso País com o Chefe de Estado do Vaticano, com o Líder maior da Igreja Católica”, lembrou o senador, que desafiou:
“Se querem que ela troque de hotel e se hospede em outro lugar, tudo bem. Só não vale chamar o aparato de segurança, o aparato oficial da Chefe de Estado do Brasil de comitiva. Não vale. Isso é distorcer a verdade.”

O assunto chegou ao Senado no mesmo dia de publicação da reportagem da Folha de S.Paulo, que se revelou ignorante com o embaralhamento dos significados de comitiva e equipe de apoio. O jornal colocou no mesmo balaio os ministros convidados pela presidenta Dilma Rousseff e os motoristas escalados pelo aparato que toda viagem presidencial mobiliza em missões no exterior. No Brasil e em qualquer outro país do mundo. Malicioso, o texto publicado ressaltou o aluguel de sete veículos (entre os quais quatro vans) e a presença de baús, insinuando farta bagagem.

A reportagem foi utilizada no mesmo dia pelo senador Álvaro Dias, como se se tratasse de um estrondoso escândalo. Frisou que “a diária do apartamento mais barato” no hotel usado nesta viagem da presidenta custaria R$ 900, quando, na verdade, a missão se hospedou em dois hotéis diferentes.

A presidenta hospedou-se em hotel porque a Embaixada do Brasil em Roma está temporariamente sem embaixador. O prédio da representação diplomática brasileira em Roma está localizado num dos pontos turísticos mais visitados da cidade, a Piazza Navona, construída no século XV – uma das mais lindas e célebres da capital italiana. No mesmo endereço funciona o Consulado Brasileiro. O edifício da Embaixada, Palazzo Palphili, concluído em 1630, faz parte do patrimônio histórico italiano e foi definido por reportagem da revista Veja no ano 2000, utilizando números da época, como   “a jóia mais preciosa do acervo de 142 endereços de representação do Brasil mantidos pelo Itamaraty em 92 países”.  

A presidenta e a comitiva oficial ficaram hospedadas no Hotel Westin Excelsior, onde o apartamento “deluxe” tem diárias de €240, ou cerca de R$ 600, ao câmbio desta quinta-feira. A maioria dos integrantes das equipes técnicas e de apoio foi hospedada no Hotel Parco dei Principi, onde as diárias custam a  partir de €175, ou R$ 440. Segundo o Itamaraty, o gasto total com a viagem de Dilma foi de R$ 342 mil. Para se ter numa ideia de comparação, quase todos os hotéis para executivos em São Paulo têm diárias acima da quantia empregada pelo jornal e pelo senador. Mais um factoide que ruiu.

Cyntia Campos

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