Viana: se houver julgamento minimamente justo, não teremos impeachment

Viana: se houver julgamento minimamente justo, não teremos impeachment

“É uma vergonha para o PSDB, que disputou conosco no voto, já estarem discutindo como chegar ao governo sem voto. Esse será o debate. O mundo vai cobrar e está cobrando”O primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), afirmou nesta sexta-feira (22), em discurso na tribuna, que o ambiente político brasileiro está tão contaminado que o processo de impeachment – sem prova de crime contra a presidenta Dilma -, tomou uma dimensão política de vingança, de atropelo à Constituição que a última coisa a ser vista no Senado é algum julgamento.  Viana criticou a escolha do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) para a comissão especial porque ele faz parte de um partido com interesse direto no afastamento de Dilma. 

“É uma vergonha para o PSDB, que disputou conosco no voto, já estarem discutindo como chegar ao governo sem voto. O mundo vai cobrar e está cobrando. A presidenta está nas Nações Unidas. Não queriam que ela fosse. Eles estão tão açodados, tão confiantes, tão certos de que já deram o golpe que eles estão nomeando governo, querem impedir a presidenta de trabalhar e estão atropelando o processo de julgamento que a Constituição estabelece aqui no Senado”, afirmou Viana. O senador acrescentou que qualquer pessoa que analisar o pedido de impeachment verá que, se houver um julgamento minimamente justo, “não teremos impeachment”. 

Caso o processo seja levado adiante, Viana disse que Michel Temer e Eduardo Cunha vão entrar no Palácio do Planalto pelas portas dos fundos, “porque a rampa do Palácio do Planalto é para os eleitos, é para aqueles que chegam lá pela soberania do voto popular. Deixa-me estarrecido o açodamento, a ousadia”, afirmou. 

Na condição de primeiro vice-presidente do Senado, Viana considerou um desrespeito ao Senado as articulações feitas deliberadamente pelo vice-presidente Michel Temer. “Que respeito ele está tendo com o Senado, com a capacidade do Senado, que é tribunal que vai julgar o impeachment? Já estão repartindo o poder em Brasília entre os seus, sem terem recebido votos, sem a soberania do voto popular. E é isso que digo que é perigoso. A nossa juventude vai aceitar isso?, indagou. 

Para Viana, a juventude do século XXI não vai aceitar ser uma geração que ficou de braços cruzados, muda, calada, diante de um golpe, onde o vice-presidente e a oposição tentam fatiar o poder no Brasil sem votos. “Para mim isso é crime; é crime contra a democracia; é crime contra os eleitores; é crime contra todos os brasileiros”, enfatizou. O senador foi claro ao dizer que setores do PMDB, Michel Temer, Eduardo Cunha e Romero Jucá estão jogando o voto popular na lata de lixo, um poder que custou muito para ser conquistado pelos brasileiros: “o poder do voto que a democracia nos trouxe”. 

Marcello Antunes

 

 

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