Viana: elite brasileira precisa ter a humildade de aprender com as camponesas

Viana: elite brasileira precisa ter a humildade de aprender com as camponesas

O exemplo de milhões de trabalhadoras rurais representadas pela Marcha das Margaridas precisa “tocar a elite brasileira, os incluídos, os que têm, os que acham que sabem e os que acham que podem tudo”, defendeu o senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente da Casa, para quem a organização, a tenacidade e a serenidade dessas mulheres têm muito a ensinar também aos governos. Para o senador, as Margaridas mostram como se deve fazer política: “reivindicando nas ruas, mas sempre trabalhando para construir um Brasil melhor, mais justo e mais igual”.

Em pronunciamento ao plenário, nesta quarta-feira (12, ele elogiou a capacidade dos governos Lula e Dilma de garantir a interlocução com esse segmento e lembrou que a paz vivida no País passa pela capacidade do governo de ter políticas e diálogo permanente com movimentos que são essenciais na vida da sociedade brasileira. “Elas [as Margaridas] trazem pautas modernas, contemporâneas, atualizadas, como a busca da sustentabilidade na agricultura, a busca da sustentabilidade nas políticas sociais”, afirmou, cobrande das elites a “humildade” para compreender o papel dessa e de outras organizações populares.

“Essa 5ª Marcha das Margaridas, que já é vitoriosa, certamente, vai influenciar a pauta do nosso País, tanto aqui no Legislativo, como no Executivo”, avaliou Viana. Ele recapitulou as grandes conquistas alcançadas pelas trabalhadoras rurais a partir da chegada do PT ao governo federal. Antes desse período, por exemplo, a mulher não era reconhecida como proprietária ou como uma beneficiária direta da reforma agrária.

“Era sempre o homem. Isso mudou no governo do Presidente Lula”. Além disso, as políticas sociais e previdenciárias eram feitas para o homem, então considerado chefe da família, e os créditos dos programas de financiamento agrícola não consideravam as mulheres como beneficiárias. O governo petista mudou tudo isso, destacou o senador. “Esse era o nosso País de 15 anos atrás, e essas são as conquistas desses últimos 15 anos”.

Viana saudou especialmente às margaridas que vieram do Acre, de ônibus, um percurso de pelo menos 3 mil quilômetros e dois dias e meio de duração e ressaltou que a fibra das quase 100 mil participantes que vieram de todos os cantos do País honra a memória da lutadora Margarida Maria Alves, a quem o nome Marcha das Margaridas homenageia.

Margarida Maria Alves foi a presidenta do Sindicato Rural de Alagoa Grande, na Paraíba, assassinada por latifundiários em 12 de agosto de 1983. “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”, dizia essa lutadora, lembrou Viana.

O senador manifestou sua confiança de que a 5ª Marcha das Margaridas será coroada com a resposta do Governo Federal às reivindicações que elas trazem a Brasília e celebrou a perspectiva de um encontro histórico da presidenta Dilma com as representantes do movimento. “É esse tipo de encontro, da Chefe do Executivo com o movimento social legítimo, que o Brasil precisa ver multiplicado. Foi exatamente a organização dos movimentos sociais, especialmente do campo, mas também das cidades, que pacificou o nosso País e que faz com que as reivindicações sejam feitas de maneira acertada, legítima – reivindicações que precisam ser ouvidas”.

Ele também manifestou a esperança de que o exemplo do Lula e da presidenta Dilma no trato com as trabalhadoras rurais possa também sensibilizar o Congresso Nacional na definição de sua pauta.

 

Cyntia Campos

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