Viana fez um levantamento em diversos sites na internet e constatou que, além dos preços que considera absurdos cobrados pelos bilhetes, simplesmente não há vagas nos voos, neste final de ano, impedindo que muitos acrianos retornem ao estado para passar as festas com suas famílias. “Não há vagas. Não temos como ir. Não adianta assumir compromisso, porque pode ir, mas não consegue voltar”, desabafou o senador. “Estamos numa situação em que a pessoa que tem problema de saúde e necessita de tratamento mais complexo, fora do domicílio, não tem como sair do estado em busca da própria sobrevivência”.
No levantamento feito pelo senador, ele constatou que na empresa Gol, a próxima passagem disponível entre Brasília e Rio Branco é para o dia 25 de dezembro. Na Tam, só se consegue voos para o dia 24 de dezembro. Além disso, enquanto uma passagem ida e volta de Guarulhos a Paris (França) pode ser comprada por R$ 3.026 e um bilhete de ida e volta entre o Rio de Janeiro e Pequim é encontrada por R$ 3.138, a única passagem encontrada por Viana em seu levantamento entre Rio Branco e Brasília, pela empresa Azul, custava R$ 2.600, só a ida, com vaga para esta terça-feira (9). “Um bilhete de ida e volta não sairia por menos de R$ 5.200. Isso é um abuso, é uma exploração, é um assalto”, revoltou-se Viana.
Além de poucos, os voos para Rio Branco têm horários inconvenientes, sempre à noite ou na madrugada. “E alguém perguntar: Mas, então, se há uma procura tão grande, se os voos estão lotados, se o preço da passagem está tão elevado, por que não ter um voo extra?”. Esta é uma das respostas que o senador pretende obter da direção da Anac. Nesta segunda-feira, Viana enviou ofícios aos presidentes da Gol, da TAM e da azul, sugerindo a ampliação da oferta de voos.
As consequências desse desinteresse das companhias aéreas com o Acre, em particular, e a Amazônia em geral, não só apenas de ordem afetiva ou familiar. “Todos os dias as pessoas perdem oportunidade de trabalho, de negócios, faltam a compromissos, por conta da maneira como as companhias aéreas estão tratando acreano, povo da Amazônia brasileira”, relata Viana. “Nós não queremos um luxo, até porque, na Amazônia, transporte aéreo não é um serviço de luxo, é um serviço de primeira necessidade, mais que aqui. Se a pessoa está no Rio ou em São Paulo e não está conseguindo transporte aéreo, pode ir de ônibus ou de carro. Na Amazônia, não há saída. Na Amazônia, ou de barco, aí são dias de viagem, ou de avião”.
O senador lamentou que exatamente nos lugares mais distantes, onde ainda há o desafio de ampliar os indicadores sociais e econômicos, se registre essa dificuldade. “A Amazônia brasileira, que tem pago uma conta tão alta neste País, que tem recebido tão pouco do restante do País, com uma população de 25 milhões de habitantes, que tem mais dificuldades que outra parte da população, do centro-sul, é exatamente ela quem paga passagem mais cara. Quer dizer, quem menos pode paga mais, quem pode mais paga menos. Nós não podemos aceitar”, afirmou.