O senador Jorge Viana (PT-AC) reafirmou sua discordância com a intervenção militar no Rio de Janeiro. “Nunca defendi intervenção militar! Votei contra, porque, da maneira como o Governo estava conduzindo, está errada! Não tem orçamento, não tem plano. Nunca vi isso!”, ressaltou ele em pronunciamento ao plenário, nesta segunda-feira (19).
Para o petista, o símbolo do fracasso desses 30 dias de intervenção militar decretada pelo governo de Michel Temer é exatamente o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), no último dia 14.
Viana, que no dia 20 de fevereiro foi um dos 13 senadores a votar contra o decreto de Temer determinando a intervenção, lamentou que uma entrevista concedida ao Jornal Nacional, da Rede Globo, na semana passada, tenha servido à distorção dos fatos. “Sou contra a intervenção militar. Sou favorável a uma intervenção do Estado brasileiro, das autoridades, dos governos estaduais, das forças de segurança, numa ação conjunta, sem ter de usar um espaço da Constituição como estão fazendo especificamente no Rio de Janeiro na área da segurança”.
[blockquote align=”none” author=”Senador Jorge Viana”]Essa desembargadora não tem condições morais nem mentais de julgar ninguém[/blockquote]
Cobrança ao CNJ
O senador lamentou ainda que a morte de uma militante dos direitos humanos como Marielle esteja servindo para alimentar o discurso de ódio. Sobre a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Marília Castro Neves, que acusava a vereadora de associação com o crime em postagens nas redes sociais, Viana não tergiversa: “ Não a conheço. Não posso fazer nenhum julgamento sobre ela, mas ela não tem condição moral ou mental de julgar qualquer pessoa. Eu espero que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) possa tomar uma atitude. Queria ver um exemplo, uma demissão por justa causa de uma pessoa que tem a prerrogativa constitucional de nos julgar a todos, mas que não está à altura de julgar ninguém. Ela estava condenando uma alma, a memória”.
Chico Mendes e Marielle
Jorge Viana também recusa a classificação do assassinato de Marielle no rol dos “crimes comuns” ou “mais uma morte”. Ele lembrou seu conterrâneo e companheiro de partido, o ambientalista Chico Mendes, “uma pessoa simples que lutava por um mundo melhor, pela defesa das florestas e das populações que vivem nas florestas. E foi assassinado, executado pelas ideias que defendia. Virou símbolo do meio ambiente”.
Para o senador, é o mesmo caso de Marielle Franco, “executada por conta das ideias que defendia, que era o respeito aos direitos básicos de cada um de nós”. O senador enfatiza que a gravidade do ocorrido deveria servir para unir a sociedade brasileira. “Essa execução tem que ser vista como um desafio, uma provocação, um ato de autoritarismo das facções criminosas, das milícias, daqueles que fizeram do crime o seu modo de viver”.