Para o parlamentar, o novo indicador tem que considerar, além dos fatores econômicos, componentes sociais e ambientais.
A proximidade da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – aliada ao possível veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto de novo Código Florestal Brasileiro estão colaborando para levar os temas ambientais a posição de destaque no Parlamento, na mídia e nas discussões da sociedade. Isto porque, além da ampliação de uma consciência verde, a sustentabilidade começa a ser apontada como porta de saída para um dos maiores problemas da sociedade: a crise financeira internacional. Ideia defendida pelo senador Jorge Viana (PT-AC), nesta segunda-feira (07/05) na Comissão de Meio Ambiente (CMA). Para ele, é preciso haver uma “ruptura de conceitos” e renovar os padrões de consumo e exploração do meio ambiente.
Viana argumentou que o estímulo ao consumismo defendido pelas superpotências como o caminho para a prosperidade econômico e financeiro se mostrou equivocado. Lembrou que essa política colaborou para a ruptura da crise econômica atual e levou ao esgotamento de algumas matérias, em razão de um uso desmedido e despreocupado. E este engano, segundo o senador, trona-se ainda mais evidente quando o crescimento é mensurado pelo Produto Interno Bruto (PIB).
“O mundo foi escravo desse sistema financeiro e guiado por três letrinhas: PIB. Porque é ele que eu lei nos jornais todos os dias. ‘A Argentina está melhor do que o Brasil agora porque cresceu 8,8% do seu PIB e o Brasil só cresceu 2,7 no ano passado’. ‘Os vizinhos agora também estão melhores porque cresceram o dobro do Brasil’. O Brasil está crescendo com inclusão social, mas o PIB é menor, mesmo incluindo 40 milhões de pessoas nas regras do mercado. O PIB é menor do que dos vizinhos que estão excluindo pessoas. Se nós tivermos algo novo que possa servir de um ranking no mundo. Aí nós faríamos um mundo um pouco mais perto do real”, destacou o senador, após ser provocado por um bilhete do filósofo e escritor Leonardo Boff que dizia: “o mundo está desse jeito porque se guia pelo PIB, que não diz nada, às vezes é um número que diz que os cofres estão cheios, mas a miséria está aumentando, o meio ambiente está sendo destruído. O mundo do Século XXI tem de ter um sucessor do PIB”.
Para o parlamentar, o novo indicador tem que considerar, além dos fatores econômicos, componentes sociais e ambientais. Jorge Viana avalia que a Rio+20 acontece em um cenário propício para a apresentação desse novo paradigma e propõe que a presidente Dilma compre essa proposta.
“O presidente Obama [EUA] não vem, a Angela Merkel [Alemanha], da maior economia da Europa, também não vem, o primeiro-ministro inglês também disse que não vem. Talvez a não vinda deles seja a oportunidade para os novos líderes do mundo. Imagine se a presidente Dilma chega e diz que a maior tese do Brasil é encontrar um substituto para o PIB, porque ele não serve para o mundo sustentável, para a sociedade sustentável”, disse.
Leonardo Boff, ao apoiar a colocação do senador, observou que o mundo ainda não está diante de uma tragédia, mas de uma grave crise, cuja única rota alternativa é a construção de uma “sociedade ecoamigável”. Opinião semelhante foi defendida pelo ex-ministro Meio Ambiente, José Carlos Carvalho. Ele afirmou que “o homem é parte da terra, e não seu dono”, pois “os seres humanos não são capazes de viver sem os demais seres vivos”.
Catharine Rocha
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