Lula: vamos nos colocar no lugar da Dilma no caminhão de som para dizer o que gostaríamos de mudar e para melhor nosso paísDemocracia não é o direito do cidadão dizer que está com fome; é o direito de comer o que quiser e na hora que quiser. Democracia não é pedir educação; democracia é poder estudar; é ter emprego, é ter acesso à cultura. Por isso, nossa palavra de ordem tem de ser ‘Volta, Democracia’”. A avaliação é do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou na manhã desta terça-feira (5) da reunião da direção da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), em São Bernardo do Campo (SP).
Para Lula, além de lutar contra o golpe e restabelecer a democracia, é preciso fazer um discurso de alento aos trabalhadores, “porque o país não suporta mais tanta desgraça, tanto desespero”. “Vamos nos colocar no lugar da Dilma no caminhão de som para dizer o que gostaríamos de mudar e para melhor nosso país. Vamos dizer a verdade do que está acontecendo, como se estivéssemos conversando com nossos filhos, com nossa mulher, com nosso marido”, propôs, ressaltando que é preciso mostrar quem são os culpados por esta retração econômica que está dizimando com os empregos.
Falando para uma plateia de cerca de 70 pessoas, entre dirigentes da CNM/CUT e sindicalistas ligados à Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT/SP, o ex-presidente da República emocionou-se várias vezes e afirmou que o movimento sindical precisa colocar a política no seu “cardápio” e não pode abaixar a cabeça na adversidade: “Este momento vai exigir mais de nós. A gente não quer abrir mão da democracia, porque somos nós que a sustentamos. Michel Temer não tem o direito de estar lá [na Presidência]. Nós sempre respeitamos o resultado eleitoral e eles têm de aprender a perder”.
O ex-presidente reforçou a importância do papel do Estado como indutor do desenvolvimento, uma vez que os bancos não querem fazer empréstimos e as empresas não querem investir. “É o Estado que tem de investir, porque pode se endividar. Todos os países se endividaram para recuperar suas economias”, assinalou, lembrando, inclusive, que a presidenta Dilma Rousseff também adotou a política de desoneração fiscal – que custou aos cofres públicos R$ 500 bilhões – para garantir produção e empregos e que não há saída econômica sem crédito.
“É preciso colocar o pobre dentro da economia outra vez. Vamos colocar o pobre no orçamento novamente. Pobre não vai comprar dólar, vai comprar alimentos, vai pagar uma dívida, para poder fazer outra”, completou, referindo-se à importância do crédito consignado (com juros baixos).
Apontar para o futuro
“Fazer sindicalismo em crise econômica é difícil, mas por 12 anos vocês conseguiram reajuste de salário com aumento real e este momento vai exigir de vocês. Quando o time está ganhando é fácil fazer o discurso, mas agora é o momento de reflexão para toda a classe trabalhadora. Os números da economia não facilitam o discurso na porta de fábrica, mas este é o momento de vocês fazerem um discurso político para a categoria”, ressaltou Lula.
O ex-presidente da República destacou ainda a importância de se adotar um discurso diferente, que aponte para a construção do futuro, mas advertiu que não é possível falar de economia sem falar de política. “Se vocês não forem nas portas de fábrica, o trabalhador vai ser impregnado pela Rede Globo, pela RBS e pelos meios de comunicação que jogam cada vez mais pesado contra nós”, alertou, enfatizando que é preciso apontar perspectivas para os trabalhadores de que as coisas vão melhorar, mas que para isso é preciso defender a democracia.
“O trabalhador nesse país era subestimado e hoje sabemos que podemos ser tudo, inclusive ser presidente da República. Não percam a autoestima e orgulho do que vocês sabem fazer, que é mobilizar e defender a classe trabalhadora”, concluiu.
Mesa
Ao lado do ex-presidente Lula, estavam presentes na mesa o presidente e a secretária de Igualdade Racial da Confederação, Paulo Cayres e Christiane dos Santos, o presidente da Federação dos Metalúrgicos da CUT São Paulo, Luiz Carlos da Silva Dias, e o secretário geral da CUT/SP, João Cayres.
Todos saudaram o ex-presidente e reforçaram a necessidade de defender a democracia contra o golpe da direita no país. E, antes da palestra de Lula, sindicalistas de todos os Estados apresentaram um panorama sobre a categoria e sobre a luta contra o golpe nas suas regiões.
Assessoria de Imprensa da CNM/CUT
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