A redução da taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), é uma medida importante, pois contribui para atrair investimentos produtivos para o País. A opinião é do senador Walter Pinheiro (BA), líder do PT no Senado.
A redução da taxa surpreendeu alguns analistas do mercado financeiro, que esperavam um corte menor. Com o corte, a taxa básica, que serve como referência para os juros no País volta à casa de um dígito: 9,75% ao ano. Foi a quinta redução seguida na taxa-base dos juros da economia desde 31 de agosto e a maior desde junho de 2009.
Naquele momento, o Governo passou a avaliar que era importante promover um novo ciclo de ajuste na economia brasileira, para fazer frente à crise mundial. Reduzir a taxa de juros tem um impacto positivo na economia, porque ajuda a atrair investimentos não especulativos. Empresários de outras partes do mundo passam a se sentir atraídos a aplicar no País.
A taxa Selic mais baixa indica uma tendência de redução em todas as outras que regem a economia, uma vez que a Selic norteia o mercado sobre a tendência da economia brasileira. Pode-se dizer que a relação é direta: taxas menores significam aumento de consumo, porque o custo do financiamento para aquisição de produtos – seja pelo grande empresário, seja pelo consumidor – fica menor. Isso não é tão imediato, mas indica uma tendência.
De uma forma bastante simplificada (porque nada na economia é tão objetivo e economia não é uma ciência exata), cortar juros significa dizer que uma redução mais significativa na Selic indica aquecimento do mercado interno, porque as pessoas, com taxas mais convidativas, se sentem mais estimuladas a comprar. O empresário, então, passa a produzir mais. Para produzir mais, são necessários mais empregos. A roda gira.
Outra consequência é a atratividade das cadernetas de poupança, que andaram perdendo recursos nos últimos tempos. Como o reajuste da poupança é feito com base na TR mais juros de 6.17% ao ano e o investimento não tem incidência do Imposto de Renda, o rendimento das cadernetas tende a superar os de outras opções de renda pós-fixadas, como os Fundos D. Isso porque os juros futuros também devem cair.
O Copom, que é muito mais técnico, faz uma análise bem mais lacônica: diz que a redução da Selic “dá seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias”.
O cenário mundial contribuiu para o corte. Vários países ricos elevaram a oferta de dinheiro nos últimos dias, tentando salvar bancos e impulsionar sua economia interna.
Se os juros no Brasil estiverem muito altos, esse dinheiro, que os economistas chamam de volátil (porque troca de lugar e some com muita facilidade) acaba entrando no país. É o chamado “capital especulativo” – o dinheiro até entra no mercado brasileiro, mas não na chamada economia de longo prazo. Ou seja, quando a situação no País de origem fica mais fácil, o dinheiro volta para lá. Esse tipo de aplicação não interessa ao governo brasileiro.
Giselle Chassot com agências onlines