O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, devo aqui apenas… E fico agora receoso porque também tenho uma relação antiga… Quero dizer sobre o Ministro Toffoli, meu prezado Pedro Simon. Ele, em verdade, não era casado, realmente, com a sua atual esposa, é bem recente. E, mais do que isso, eu o conheço já há bastante tempo. Independentemente de ter sido advogado do meu Partido, independentemente de ter tido relações – aliás, como também se colocava com posições de simpatizante o atual Presidente Ayres Britto –, mas age em todas essas lideranças com muita convicção, pela sua consciência, pelo seu conhecimento e pelas responsabilidades do Brasil.
Então, eu queria aqui também fazer esta defesa do Ministro Toffoli. Tenho certeza de que, neste processo, independentemente dos seus contratos, das suas relações pessoais, ele estará atuando com base na legislação, como sempre buscou fazer naquela Casa.
Sr. Presidente, eu queria registrar aqui dois fatos importantes: um que já ocorreu e outro que ainda vai ocorrer no meu Estado.
O primeiro diz respeito ao Salão do Livro, um evento espetacular. Por incrível que pareça, num País em que tanto se reclama de pouca leitura, é um evento de povo. Eu tive a oportunidade de visitá-lo na semana passada e ali encontrar milhares de pessoas, na Praça Pedro II, na cidade de Teresina. Esse evento terminou agora, no último dia 18. E eu queria aproveitar para fazer, aqui de público, um agradecimento a tantos parceiros do Governo Federal, do Governo do Estado, da capital, Teresina, do Governo Municipal, a parceiros do setor privado, a empresas como a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste e a Chesf.
E gostaria de saudar e de parabenizar por quê? Porque, mais uma vez, tivemos outro crescimento, um evento que conseguiu ter ali também – e o meu agradecimento é com relação a isso – a participação do Senado Federal, levando as publicações próprias do Senado. Tivemos o lançamento do livro de um escritor piauiense, o Chico, que tem uma história dedicada a resgatar a história do nosso Nordeste, do nosso Piauí, das principais figuras que ali se apresentam, e sobre um fato importante, que foi a Guerra da Balaiada.
Destaco aqui, ainda, que esse evento teve a apresentação de escritores do Brasil inteiro e de outros países do mundo. Foram organizadas inúmeras palestras, o fórum temático, o bate-papo literário e lançamentos de livros.
O último dia da 10ª edição marcou o início dos preparativos já para a 11ª edição do evento, que deverá acontecer no mês de junho de 2013 e terá como principal homenageado o escritor, presidente do Conselho Estadual de Cultura e membro da Academia Piauiense de Letras, Manoel Paulo Nunes, aliás, um grande incentivador desse evento.
Quero aqui, na verdade, dizer que parabenizo a organização do evento, a Fundação Dom Quixote, Cássio Gomes; a coordenação do Salipi, através do Wellington Soares, o Professor Cineas Santos e tantas outras lideranças, que estão trabalhando e trabalham como muita dedicação para esse evento ocorrer.
Ali a presença de estudantes; as escolas organizam caravanas para visitar estandes ontem têm exposição e comercialização de livros a preços simbólicos – livros de R$1,00, R$5,00 -, enfim, estimulando. Aliás, algumas escolas organizam uma moeda própria do salão do livro; o estudante, com aquela moeda própria do salão do livro, pode também exercer o seu direito de escolha durante todo o evento. Apresentações também de shows, é um momento cultural também de grande expressão.
Quero então estar aqui com muita emoção saudando, vendo a emoção, como vi, do Professor Wellington Soares, um dos idealizadores do Salipi, ao anunciar que deixa a linha de frente da organização para cuidar de outros projetos pessoais.
Creio que hoje já seja um evento que não volta mais, não dá mais passos para trás, ele tem como caminhar com suas próprias pernas. Há patrocinadores privados cada vez maiores, ainda tem uma dependência do Poder Público, mas já caminha para a sua independência.
Parabéns à 10ª edição do Salipi, como é chamado carinhosamente no meu Estado.
A repercussão nacional com muitos dos visitantes escrevendo, através da imprensa nacional, a cobertura feita pela imprensa local. Tudo isso destaco como o grande êxito do evento.
O outro evento
O outro evento ainda vai acontecer agora, entre 28 de junho e 1º de julho. Estarei, na próxima sexta-feira, mais uma vez, na cidade de Picos, onde estarei participando do 9º Caju Nordeste.
O Piauí é o Estado que tem a segunda maior área plantada de caju do Brasil, é o segundo maior produtor – o Ceará é o primeiro, e o Rio Grande do Norte é o segundo. Também por isso, nós ainda temos – até para explicar – uma área plantada do cajueiro tradicional, um cajueiro que tem uma produtividade menor, ainda muito grande. O Ceará conseguiu fazer uma troca de copas maior do que o nosso Estado, embora estejamos avançando também na mesma direção. A plantação do cajueiro anão precoce não só permite uma profissionalização maior da produção como também permite a garantia de uma produtividade maior. Também por isso a cidade de Picos, centro sul do Piauí, sediará o 9ª Caju Nordeste, no período, como eu disse, de 28 de junho a 1º de julho de 2012.
O evento é um seminário técnico, realizado anualmente em pólos produtores de caju situados na Região Nordeste do Brasil, com o objetivo de contribuir com a organização, a modernização e o desenvolvimento da cadeia produtiva da cajucultura.
Srª Presidente, o cultivo do caju é tão importante na minha região que, durante quatro ou cinco meses do ano, muitos agricultores do Nordeste têm o caju como principal fonte de renda, isso porque o cajueiro é uma planta que resiste à seca e produz justamente quando mais falta água; é exatamente agora, nesse período do segundo semestre, o período em que já suspenderam-se as chuvas; aliás, este ano praticamente não choveu. Ele convive bem com a região do semiárido, ele também é um produtor de floradas nessa época do período não chuvoso permitindo a criação de abelhas e potencializando a produção de mel, isso porque, como eu disse, é uma fruta em que tudo se aproveita. Por isso, é tão importante a realização da conferência Caju Nordeste, que se consolidou definitivamente como o mais importante seminário temático dedicado ao desenvolvimento da cultura do caju no Brasil.
Grandes temas de interesse para o desenvolvimento da cajucultura piauiense serão também temas de palestras, debates e encontros de planejamento durante o Caju Nordeste, com o envolvimento de especialistas do Ministério da Agricultura e Agropecuária, que orientarão sobre como é possível acelerar…
o encaminhamento de soluções para questões como o registro de produtos agropecuários, especialmente os derivados do pedúnculo e da castanha de caju; o zoneamento agrícola de risco climático da cultura do cajueiro no Estado do Piauí; a padronização, certificação e identificação geográfica da cajuína. O evento também vai tratar do controle fitossanitário do cajueiro, com foco no controle do oídio e da mosca branca. O oídio e a mosca branca são duas ameaças à produção de caju na nossa região.
E, o mais importante, o controle fitossanitário não apenas pensando no mercado interno, mas na relação do Brasil com outros produtores de amêndoas, como o caju fora do Brasil, porque trazem desses países, junto com o produto que aqui chega, por uma dificuldade de maior controle fitossanitário, doenças que podem ameaçar a nossa produção.
Também estão listados como temas de destaque a discussão sobre o consórcio do cajueiro com a apicultura, a economia solidária na cajucultura e apicultura como instrumento de geração e renda, a organização e gestão de mini fábricas de beneficiamento de produtos do caju e a produção de mudas enxertadas de cajueiro anão precoce.
Também, certamente, haverá um debate sobre a introdução do enxerto em copas, em que você serra o tronco do caju e ali naquele mesmo tronco você faz o enxerto de uma nova muda, que produz já como anão precoce. Um cajueiro tradicional leva algo entre 9 e 12 anos para a produção. Com essa descoberta maravilhosa da Embrapa brasileira, nós passamos a ter condição de produção com um ano e meio, dois anos, três anos já com carga plena.
Esses temas, incluídos entre vários outros que farão parte da programação do 9o Caju Nordeste, são de grande interesse para a conjuntura da cadeia produtiva do caju piauiense e foram sugeridos pelas instituições realizadoras do evento, durante a reunião de planejamento promovida pelo Instituto Caju Nordeste, da qual participaram representantes da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Piauí, da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba, Secretaria Federal da Agriculturra do Piauí, pelo Ministério da Agricultura, Sebrae, Faepi-Senar, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Emater/PI, Adapi, Apsem, Cocajupi, Embrapa Meio-Norte e Casa Apis.
Além, é claro, da representação
…além, é claro, da representação dos produtores no Estado e, também, dos industrializadores, das cooperativas e das fábricas.
Eu destaco, ainda, que estive em Fortaleza, participando dessa reunião preliminar, ainda no começo do ano, oportunidade em que fiz uma palestra sobre a experiência da Cocajupi e da Casa Apis como dois modelos que podem, perfeitamente, ser adaptados em qualquer lugar do Brasil.
Nesse modelo o produtor passa a ser o dono de uma base industrial que agrega valor e aumenta a renda dos produtores. Os produtores ganham pela venda da castanha, pela venda da polpa e pela venda, enfim, de tudo que é possível do caju, com valor agregado. O produtor recebe o valor do seu produto mais aquilo que seria o lucro nesse modelo central de cooperativa.
Respaldado no sucesso e continuado crescimento observado na sequência das oito edições anteriores, realizadas no período de
a) a sua realização é anual, dentro de um sistema de parceria que envolve as instituições cujo trabalho tem repercussão no seio da cajucultura;
b) é itinerante, podendo ser realizado em qualquer um dos Estados da região Nordeste do Brasil, especialmente naqueles onde existam grandes polos de cajueiro;
c) o planejamento é participativo, possibilitando que a programação seja construída de forma democrática e atenda aos anseios dos atores da cadeia produtiva do caju;
d) a participação é gratuita, possibilitando que os pequenos produtores rurais tenham acesso às tecnologias disponibilizadas em todas as atividades da programação do evento.
Durante a realização da nona edição do Caju Nordeste, serão oferecidas as seguintes atrações:
a) seminário técnico em que serão apresentadas tecnologias inovadoras para a cajucultura, composto de painéis temáticos, minicursos, vitrines tecnológicas, oficinas técnicas, mesas redondas, visitas técnicas a empreendimentos bem-sucedidos;
e) Feira do Caju, em que serão expostos, demonstrados e comercializados produtos, serviços, máquinas e equipamentos relacionados com a cajucultura e com atividades agropecuárias consorciadas;
f) troféu Caju de Ouro, comenda entregue, anualmente, na solenidade de abertura do Caju Nordeste às pessoas e instituições públicas e privadas que se destacaram na realização de ações em prol do desenvolvimento da cajucultura;
f) festival gastronômico, com concurso de receitas preparadas com a fibra do pedúnculo do caju e as amêndoas da castanha de caju – o que é uma maravilha. Nós temos, inclusive, o desenvolvimento, além de doces, de bolos e misturas com chocolate.
… também a presença do nosso caju no preparo de sucos, sorvetes, picolés, enfim, e a carne do caju, ou seja, a polpa do caju produz as condições de bife semelhante à carne bovina e natural e orgânico.
Caravanas de produtores rurais da agricultura familiar, oriundos de todas as regiões do Nordeste estarão presentes e, claro, de todas as regiões do Piauí.
O Caju Show, com apresentação artística e cultural que animarão as noites dos participantes durante o período da realização do evento. E outros eventos paralelos de interesse da cajucultura.
Srª Presidente, talvez muita gente não saiba do tamanho da importância social do caju no Nordeste. O cajueiro, para o semiárido nordestino, e ainda de suma relevância, pois os empregos do campo são gerados, como disse, na entressafra de culturas tradicionais, como milho, feijão e algodão, reduzindo, assim, o êxodo rural. Aliás, ocorre logo após a produção da mandioca, quando se tem ali a industrialização, a fabricação da farinha e da tapioca.
Ao lado do aspecto econômico, os produtos derivados do caju detêm ainda grande importância alimentar para o produtor rural, para os animais, para as aves enfim.
É tão importante a cultura do caju no Piauí que Picos também sedia a Cooperativa dos Produtores de Caju do Piauí (Cocajupi), que exporta a castanha ou amêndoa do caju para o Brasil e para o mundo.
A Cocajupi foi fundada em junho de 2005 e tem por objetivo eliminar a figura do atravessador, vendendo diretamente a sua produção para grandes supermercados e redes varejistas, de forma que o produto chegue ao consumidor final com um preço mais próximo do que a Cooperativa negocia.
São várias pequenas fábricas espalhadas em todas as regiões do Estado e outras fábricas maiores, como as fábricas da capital e mesmo da cidade de Picos, com destaque para a cidade de Santo Antônio de Lisboa, onde temos cinco fábricas beneficiando a matéria-prima do caju.
A venda da castanha para o exterior é resultado da conquista da certificação da Cocajupi para o Comércio Justo – modalidade de comercialização que leva em conta requisitos como responsabilidade social, sustentabilidade e competitividade dos pequenos e médios produtores.
Segundo o IBGE, o Nordeste, com uma área plantada superior a 750 mil hectares, responde por 100% da produção nacional, sendo os Estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia os principais produtores.
Estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia os principais produtores.
No Piauí, são quase 200 mil hectares destinados à cajucultura, o que coloca o Estado em primeiro lugar em área, embora em segundo lugar no ranking da produção da cajucultura brasileira. Estima-se que uma média de 40 mil estabelecimentos agrícolas desenvolvam a cajucultura no Piauí. São milhares de empregos, portanto, gerados durante o ano inteiro, muitos com uma pequena produção, de um hectare, de dois, de três; outros, como a cidade de Pio IX, têm produtores com 80 mil hectares de caju plantados.
Por meio de associações e cooperativas, os produtores vêm aprimorando técnicas, priorizando a produção para beneficiamento da castanha, principalmente a in natura.
O Brasil, que já chegou a ser o segundo maior produtor de castanha do mundo, ficando atrás apenas da Índia, atualmente encontra-se em quarto lugar, perdendo para Índia, Vietnã e Costa do Marfim.
Precisamos, assim, aumentar a participação do Brasil na produção de castanha de caju. E faremos isso, incentivando a produtividade no Nordeste, especialmente no meu Piauí,
Srª Presidente, quero parabenizar os organizadores do evento, todos os apoiadores. Destaco aqui também que conta o evento com o apoio da prefeitura municipal de Pio IX e de outras da região, da Associação dos Municípios, e certamente é algo que marcará a história do meu Estado. Com certeza, sairemos todos… Como eu disse, visitarei neste final de semana a 9ª Caju Nordeste e quero ali me colocar à disposição.
Aqui, contribuí para a organização de uma frente parlamentar que tem por objetivo a defesa da cultura do caju e a criação do Fundo do Caju, ou seja, um projeto do Senador Eunício que esperamos poder ver aprovado aqui no Senado Federal.
Era isso, Srª Presidente.
Muito obrigado.