Wellington comenta as pesquisas à rádio Estadão: “nada de sapato alto”

O líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo no Senado, Wellington Dias (PT-PI), visitou, nesta segunda-feira (25/03), a redação do grupo Estado, em São Paulo. Durante quase duas horas, o senador conheceu as instalações da Agência Estado e concedeu entrevistas à Rádio Estadão TV Estadão. Entrando ao vivo na programação da Rádio Estadão, uma das emissoras de maior audiência na cidade de São Paulo, o senador conversou durante mais de vinte minutos sobre política, economia, além das pesquisas divulgadas durante o final de semana – nas quais a presidenta Dilma Rousseff é a favorita para ganhar no primeiro turno.

Na avaliação do senador, a crise global já atingiu seu pico no ano passado – e agora tende a recuar. A retomada do crescimento da economia brasileira, disse, ocorrerá de forma gradual. “Se de um lado, isso é ruim do ponto de vista da economia, do outro, isso vai nos dar as condições de resolver problemas que, se a economia crescer de forma acelerada, vão ampliar”, reforçou.

A ampla vantagem da presidenta Dilma nas pesquisas, apontou são retratos de um momento específico. “Nada de sapato alto”, advertiu, frisando que ainda é muito cedo párea se tratar da sucessão presidencial. “Vamos discutir 2014 em 2014. Esse é um ano para se trabalhar”.

Sobre uma possível candidatura do aliado Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, à presidência da República, o líder petista afirmou que o PSB faz parte do projeto do Governo Democrático e Popular liderado pelo PT. “Nossa posição em relação ao PSB continuará sendo a mesma. Como um partido que continua sendo parte desse grande projeto de mudança do Brasil. Existe um projeto em curso e o PSB é parte desse projeto”.

A seguir, confira a íntegra da entrevista:

Para o senador, ainda é cedo para tratar da
sucessão presidencial. “Vamos discutir 2014
em 2014. Esse é um ano para se trabalhar”.

Avaliação de Dilma e do Governo
Nós reconhecemos que esse é um sinal de reconhecimento do projeto iniciado pelo presidente Lula, que é cada vez mais bem compreendido pela população. Geralmente se prende o debate sobre o que aconteceu com as pessoas de mais baixa renda, em programas como o Bolsa Família, o Brasil Carinhoso. Mas não é só isso. Estamos falando da melhoria da renda do brasileiro. As pessoas passaram a ter condições de comprar uma moto, um fogão, uma geladeira. E, claro que ainda existem desafios. Se, de um lado, as pessoas estão saindo da linha da pobreza, de outro, aumentam as responsabilidades. Temos que trabalhar para ter o controle da inflação, que a economia tenha o crescimento compatível com o crescimento do consumo, e que tenhamos condições de garantir a geração de empregos e a melhora da renda.

Críticas ao crescimento da economia e sua ligação com a disputa de 2014
A própria presidenta recomenda que, apesar dos bons indicadores, das boas avaliações, nada de sapato alto. Nós vamos discutir 2014 em 2014. Esse é um ano para se trabalhar. Nós até agradecemos as críticas e a oposição que é feita para nos alertar que ainda existe muito para ser feito. O que não podemos esquecer é o ambiente que o Brasil vive nesse momento. Vivemos um longo momento de crise financeira mundial que teve seu ápice no ano passado. Mas, desde o final do ano passado, começamos a mostrar uma lenta recuperação, inclusive, do setor que era nosso problema, que era a indústria. No Governo, existe uma busca pelo controle da inflação, câmbio compatível com os interesses do País dentro das regras de mercado, nós temos reservas de mais de 360 bilhões de dólares que nos permite garantir o câmbio. Podemos garantir um atendimento diferenciado para as áreas que apresentam mais problemas. Nesse momento, a compreensão é de que precisamos trabalhar o setor industrial. Por isso, a desoneração da folha, os debates para o fim da guerra fiscal, a garantia de redução do ICMS – que definirá a queda dos encargos da dívida – a redução dos custos de energia, as mudanças nas políticas de portos, aeroportos e ferrovias. Tudo isso se relaciona com o desejo de facilitar o crescimento econômico de quem produz e quem comercializa.

Governo acredita em PIB de 6,5% e especialistas avaliam PIB em 3%
A população compreende que na economia, a tendência natural é a retomada do crescimento de forma gradual. Se de um lado, isso é ruim do ponto de vista da economia, do outro, isso vai nos dar as condições de resolver problemas que, se a economia crescer de forma acelerada, vão ampliar. Todo mundo conhece os problemas dos portos, as filas de caminhões. Hoje nós temos condições de transportar 900 toneladas de mercadoria por dia e temos uma demanda que ultrapassa 1,2 bilhão de toneladas. Daqui a pouco a demanda chega a 2 bilhões e não daremos conta. O que eu posso afirmar é que o Brasil vai crescer entre 3% e 4%. E, isso não é ruim. Alguns países apresentaram recessão nos últimos anos. Também é verdade que a China conseguiu manter seus patamares de crescimento, o Chile também conseguiu. Mas somos um País continental, com 200 milhões de pessoas. A nossa locomotiva é mais lenta. A própria situação brasileira exige mudanças estruturais que passam por amplos debates que estão acontecendo.

Eleição de Renan e a possível mancha à imagem do Senado
No Brasil, nós temos um modelo que acredito ser o correto, que é diferente do modelo de vários outros países. É um sistema diferente do utilizado nos Estados Unidos onde temos apenas dois partidos. Hoje, temos 39 partidos e outros 31 sendo criados. Além disso, por conta da existência de poucos partidos, o partido que tem a maioria indica toda a mesa do parlamento. Nas comissões, esse partido tem 100% das comissões. Nesse sistema a oposição só pode contestar. No Brasil temos o sistema de decisão de forma partilhada, contando até com a participação das minorias. O maior partido é quem indica o presidente das casas do Congresso. E nisso, o senador Renan Calheiros foi o nome escolhido pelo PMDB. O PT e os membros de outros partidos alertaram para a possibilidade da existência de todo esse debate. Mas, esse nome acabou sendo o escolhido. Assim como o PSDB tinha direito a uma posição na mesa, o PT direito a vice-presidência da Casa, e assim, cada partido. Pelo modelo brasileiro, o importante é que, independente de quem seja o presidente de qualquer uma das duas casas, quem comanda o Congresso é o plenário. Quantas vezes o presidente e os líderes partidários vão para um lado e o plenário toma outra decisão? O caso dos royalties do petróleo foi um exemplo. Esse modelo é melhor, porque o que sai dali sai fruto de um grande debate.

Reforma política, base governista e eleições de 2014
Seja agora, ou para qualquer um que venha a ser eleito como presidente. São 39 partidos existentes. Vamos fazer algumas votações após a Semana Santa e espero que possamos fazer algumas alterações profundas. Existem discussões como o fim da coligação proporcional, financiamento público de campanha. O que eu posso afirmar, é que existe muita gratidão ao PSB, incluindo, o seu presidente, Eduardo Campos. É o trabalho que fazemos com prefeitos, governadores, com os ministros que temos, o apoio que temos na Câmara e no Senado é que impulsiona e permite que os avanços aconteçam. Eu acho justo um partido como o PSB, que suas lideranças possam trabalhar para dar viabilidade a uma candidatura. É natural. Do ponto de vista particular, posso dizer que, independente da candidatura de Eduardo Campos, a nossa posição em relação ao PSB continuará sendo a mesma. Como um partido que continua sendo parte desse grande projeto de mudança do Brasil. Existe um projeto em curso e o PSB é parte desse projeto.

Orientações para as eleições de 2014
Isso é um assunto embrionário ainda. A grande recomendação do partido, do presidente Rui Falcão, do presidente Lula e da presidenta Dilma, é que possamos aproveitar o ano de 2013, em que não tem eleição para nos dedicar aos grandes temas do Brasil, as grandes mudanças e inovações que o País precisa. O que posso afirmar, é que o PT está fazendo um primeiro balanço que está sendo feito pelas direções estaduais do partido, onde se avalia quais são os quadros possíveis, qual é a estratégia que seria utilizada pelo PT no próximo ano. Tendo esse mapa nacional, com o levantamento do que existe, se considera de maneira muito forte a estratégia nacional. Acredito que em agosto ou setembro teremos um desenho mais claro de como será o processo eleitoral de 2014.

 

Ouça a íntegra da entrevista do senador Wellington Dias

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