Agência Brasil

Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, em entrevista ao Bom Dia, Ministro
Após sua missão em Roma, onde participou da 2ª reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, afirmou que a iniciativa já reúne mais de 200 integrantes, e trabalha com planos nacionais sob soberania dos países. Ao programa Bom Dia, Ministro desta quarta-feira (15/10), Dias destacou que a aliança aprovada prevê ações para alcançar 500 milhões de pessoas até 2030, incluindo alimentação escolar para 150 milhões de crianças e políticas de saúde para cerca de 250 milhões de mulheres e crianças.
“O Brasil melhora, mas a gente quer trabalhar para o mundo também superar a fome e a pobreza”, disse.
O ministro confirmou ainda que o programa Gás do Povo do governo Lula inicia a entrega dos botijões em novembro, com 55 mil pontos credenciados no país. A execução envolve o Ministério de Minas e Energia, Casa Civil e Caixa.
“Agora entrega o gás”, explicou, ao diferenciar do auxílio em dinheiro. O acesso será por voucher/crédito no celular ou via rede lotérica, cobrindo o valor total, no preço de cada região, com repasses a cada dois meses.
Sobre capilaridade, ele afirmou que a rede chegará a todas as cidades, inclusive áreas remotas da Amazônia, comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Na Paraíba, citou 498 mil famílias com direito, e reforçou que o Cadastro Único é requisito. “A presença no cadastro é que gera a eficiência”.
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Emergências climáticas e segurança alimentar
Questionado sobre seca e crise hídrica em áreas indígenas do Mato Grosso do Sul (MS), Dias disse que a resposta começa com ajuda humanitária (cestas) e, em seguida, entra o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
“A cesta de alimento a gente só usa em situações de emergência. Em seguida, a gente prepara as condições para o PAA.”
De acordo com o ministro, o PAA compra do pequeno produtor pelo preço ao consumidor, mantendo a renda na economia local e abastecendo creches, escolas e programas sociais.
Dias ressaltou que cerca de R$ 1,1 bilhão estão disponibilizados para garantir atendimento e recompor estoques em regiões afetadas.
Bolsa Família
Durante a entrevista, o ministro destacou ainda o modelo de proteção do programa Bolsa Família que evita a volta à fome quando há oscilação de renda:
– Até R$ 218 per capita: a família recebe 100% do benefício e o salário.
– Até R$ 706 per capita: recebe 50% do benefício e o salário.
“Entrou uma vez, nunca mais volta à fome. Se perder o emprego, volta automaticamente para o Bolsa Família.”
Segundo o ministro, quase 3 milhões de pessoas estão hoje na regra de proteção, e os dados mostram alta participação do público do CadÚnico nas novas vagas formais.
Rebatendo a ideia de que o benefício desestimula o trabalho, Dias citou o peso do CadÚnico na ocupação de vagas recentes e anunciou mutirões de qualificação articulada às empresas.
“Não há nenhuma pessoa que não queira ir para o trabalho”, disse. O ministro frisou as parcerias com os ministérios da Educação (MEC) e do Trabalho e Emprego (MTE), além da criação de “cuidotecas” para liberar mulheres ao emprego com apoio a crianças, idosos e pessoas com deficiência.
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Fraudes no Auxílio Brasil de Bolsonaro
Sobre irregularidades no auxílio emergencial/Auxílio Brasil, durante o governo Bolsonaro, Dias relatou cruzamentos massivos de dados (DataPrev/Serpro) que identificaram fraudes e inconsistências.
“Quando a gente tira do benefício, é porque tem muita prova”, afirmou. Segundo ele, 177,4 mil famílias com renda acima de dois salários mínimos deverão devolver valores recebidos indevidamente, em processo acompanhado por MP, DPU, AGU, TCU e com sanções para quem não regularizar.
Rede de proteção
Sobre os avanços do governo Lula, o ministro listou políticas que desoneram o orçamento das famílias e liberam renda para alimentação.
– Tarifa Social/Luz do Povo: isenção até 80 kWh e desconto elevado até 120 kWh.
– Farmácia Popular para medicamentos.
– Pé-de-Meia para estudantes, reduzindo evasão.
– Minha Casa, Minha Vida para eliminar gasto com aluguel.
“O presidente Lula coloca 48 programas para quem é do Cadastro Único”, afirmou.
Dias ressaltou que o Brasil saiu do mapa da fome pelos critérios da FAO e da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que a extrema pobreza caiu para 4%.
Ele destacou ainda a redução da pobreza geral no país e atribuiu os resultados à combinação de transferência de renda, emprego, educação e pequenos negócios com o governo do presidente Lula.
Tarifa zero no transporte e assistência social
Sobre tarifa zero, o ministro afirmou que não há decisão e que o debate exige definição de fonte de financiamento.
Ele citou experiências locais (como Maricá e metrô gratuito em Teresina) como referências para avaliação.
Ao encerrar o programa, o ministro cumprimentou as equipes do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que comemora 20 anos de atuação e tem cerca de 12 mil unidades (CRAS/CREAS) no Brasil: “Dão um duro danado para o social melhorar no Brasil”.