Suicídio do reitor

Jorge e Fátima denunciam autoritarismo jurídico

"Estarmos promovendo justiçamentos, beirando a barbárie”, adverte Viana; “as universidades estão de luto em decorrência desse trágico suicídio", diz Fátima
Jorge e Fátima denunciam autoritarismo jurídico

Foto: Alessandro Dantas

A morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, que se suicidou em Florianópolis nesta segunda-feira, inconformado com as acusações de obstrução de justiça, foi destacada pelo senador Jorge Viana (PT-AC) em discurso proferido na tribuna do Senado. “Em nome do falso moralismo, ou do combate à corrupção, foram lá e destruíram a vida dele e de outros colegas, sem prova”, lamentou o parlamentar. O discurso foi proferido na tarde desta segunda-feira, 3 de outubro.

Cancellier cometeu suicídio depois de denunciar a situação de “humilhação e vexame” a que foi submetido em uma investigação que apura irregularidades na UFSC ocorridas em 2006. Ele assumiu a reitoria da universidade em 2016. Quatro dias antes de se matar, o reitor publicou artigo em jornal, negando as acusações de que teria atuado para obstruir as investigações. Ele foi preso em setembro e liberado no dia seguinte. “Levaram o reitor e outros professores, os deixaram todos nus, os puseram numa cela misturados com bandidos, veio uma juíza substituta, os soltou, mas, a destruição moral já estava feita e o reitor pôs fim à própria vida”, lamentou Viana.

“Faço um apelo. Espero que as autoridades do Supremo, do Ministério Público, da Polícia Federal ponham fim, mesmo em nome de uma causa tão nobre como o combate à corrupção, a essa execração pública, a essa destruição moral das pessoas, ao cerceamento de liberdade sem julgamento”, disse o senador. “Há duas coisas sublimes: a vida e a liberdade. O país vive hoje a hipocrisia de, em nome de um falso moralismo de combate à corrupção, estarmos promovendo justiçamentos, beirando a barbárie”.

As universidades estão de luto
A senadora Fátima Bezerra apresentou, nesta terça-feira (03), um voto de pesar pela morte do reitor  Luiz Carlos Cancellier. A nota foi assinada por senadores de diversos partidos. Segundo Fátima Bezerra, o Senado precisava se manifestar diante do episódio que chocou a comunidade acadêmica do país. “O Senado da República não pode se calar. Temos que nos manifestar, através desse voto de pesar”, disse a senadora. Para Fátima o autoritarismo policial e jurídico que vem tomando conta do Brasil não é condizente com um país verdadeiramente democrático. “Infelizmente, o professor Luiz Carlos foi vítima dessa arbitrariedade”, declarou.

Fátima lembrou que o reitor foi um professor dedicado à causa do conhecimento, à causa da educação, um intelectual de brilhante carreira acadêmica que, ao tirar sua própria vida, deixou o país comovido. “As universidades estão de luto em decorrência desse trágico suicídio do professor e reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. O reitor foi preso de forma coercitiva, foi afastado de forma arbitrária da universidade e, agora, nós estamos testemunhando a dor da injustiça, a dor da revolta que o coração do professor Luiz Carlos Cancellier não suportou”, afirmou.

Com Assessorias dos gabinetes do senador Jorge Viana e da senadora Fátima Bezerra

 

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