O juiz Sérgio Moro proibiu a defesa de Lula de gravar o depoimento do ex-presidente no dia 10 de maio, no âmbito da Operação Lava Jato. O advogado Cristiano Zanin havia protocolado uma petição na última sexta-feira (5) para que a audiência pudesse ser filmada pelo fotógrafo Ricardo Stuckert, do Instituto Lula, lembrando que as filmagens das audiências, com câmera centrada na pessoa que depõe, propagam “uma imagem distorcida dos sucessos verificados na audiência, impedindo que sejam avaliadas a postura do juiz, do órgão acusador, dos advogados e de outros agentes envolvidos no ato”.
A defesa do ex-presidente quer que a forma de captura de imagens do depoimento seja modificada, garantindo o registro de todo o recinto de cada pessoa que faça uso da palavra. Nesta segunda-feira, Moro indeferiu o pedido dos advogados de Lula alegando que haveria o “risco de uso político-partidário” do material. O magistrado, porém, não se manifestou sobre os recorrentes vazamentos seletivos das gravações das audiências para veículos de comunicação como a TV Globo, a revista Veja e o site O Antagonista.
Frente a frente
Lula vem tratando esse depoimento a Sérgio Moro como sua primeira grande oportunidade de ficar frente a frente com seus acusadores e de “contraditar o que disseram que eu fiz”. O ex-presidente quer que a oitiva seja transmitida ao vivo, pois entende que esse é também o momento de “prestar contas à sociedade brasileira”. “Faz três anos que eu sou massacrado 24 horas por dia essa vai ser a primeira vez vou estar frente a frente [com os acusadores]”. Ele não tem medo das perguntas que lhe serão feitas — nem das respostas que dará.
A líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), lembra que todo os ritos em torno da Operação Lava Jato foram espetacularizados e politizados. A denúncia contra o ex-presidente foi feita ao vivo na TV, em uma entrevista coletiva dos procuradores, vem sendo debatida e “julgada” amplamente pela grande imprensa. “O mínimo que se pode reivindicar é que a opinião pública possa ouvir o que Lula tem a dizer, na integra, sem edição e sem intermediários”, pondera a senadora.
Gleisi se refere aos recorrentes vazamentos seletivos, quando trechos pinçados dos depoimentos são divulgados para setores da mídia conservadora, para corroborar versões desfavoráveis ao ex-presidente e ao PT. “Lula não vai se esconder. Ele quer falar ao vivo e às claras”, garantiu ela.
Campanha
Uma movimentação iniciada por militantes cobrando a transmissão ao vivo do depoimento de Lula vem ganhando corpo nas redes sociais. “Deixe o Lula falar” e “Quem sabe faz ao vivo” são algumas das palavras de ordem contidas em uma série de “memes” veiculados na internet.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), por exemplo, adotou como imagem de capa de sua página no Facebook a chamada “Transmite ao vivo, Moro”. O exemplo vem sendo seguido por militantes, que também têm trocado seus avatares nas redes por imagens alusivas ao direito de Lula ser ouvido por todos no próximo dia 10.