A busca por refúgio de Bolsonaro na Embaixada da Hungria por dois dias após ter seu passaporte retido, publicada nesta semana pelo jornal The New York Times, despertou perplexidade nos senadores do PT. Humberto Costa e Rogério Carvalho defendem uma rigorosa investigação sobre o caso.
O senador Humberto Costa (PT-PE) utilizou a tribuna do plenário na última terça-feira (26/3) para enfatizar que a movimentação de Bolsonaro deixou claro que o ex-presidente golpista buscou imunidade numa área protegida por convenções internacionais, por conta do receio de eventual decretação de uma prisão preventiva.
“Bolsonaro atacou instituições, ameaçou autoridades, articulou golpe de Estado e, delatado por seus assessores mais graduados, teme agora acertar contas com a Justiça. Quer fugir das evidentes responsabilidades pelos crimes que cometeu”, apontou Humberto.
O Supremo Tribunal Federal, após a divulgação do caso, deu 48 horas para que Bolsonaro esclareça os motivos que levaram um ex-presidente da República a tentar se esconder, sob as asas de um embaixador estrangeiro, para fugir de uma suposta prisão.
“Embaixadas não são hotéis para servir à hospedagem de investigados pela Suprema Corte, por tentativa de abolição violenta do Estado de direito”, alertou o senador.
“Não adianta pedir refúgio ou asilo político em representação diplomática estrangeira. Todos que atentaram contra a democracia vão responder no Brasil, e na forma da Constituição, pelos crimes. Golpistas não passarão. Covardes e fujões também não. Sem anistia. E sem fuga”, completou Humberto.
Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE), primeiro-secretário do Senado, defendeu em entrevista à TV Senado, na terça-feira (27/3), que a Casa investigue a hospedagem de Bolsonaro na embaixada da Hungria. Para ele, a estadia no local “levanta muita suspeição” e precisa ser apurada.
“Isso levanta muita suspeição e essas suspeições precisam ser aprofundadas com quem deu abrigo, em tese um abrigo ou uma conversa no sentido de tê-lo como refugiado, ou recebê-lo no país como exilado ou coisa do tipo em função de um crime que ele cometeu aqui. É preciso que o Senado investigue e apure essa questão”, afirmou Rogério.
Para Rogério, as investigações em andamento da Polícia Federal e as realizadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Golpe vão na direção de apontar Bolsonaro como o “mentor de uma tentativa de golpe no Brasil” após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.