O senador Paulo Paim (PT-RS) considera inaceitável o incidente diplomático que envolveu o presidente da Bolívia, Evo Morales. Segundo ele, o que ocorreu foi “um sequestro injustificável”. Nessa terça-feira, o avião que transportava uma comitiva presidencial vinda de Moscou foi obrigado a fazer uma aterrissagem forçada em Viena, na Áustria, depois de ter sido impedido de descer em Portugal, Espanha e França. A aeronave também foi proibida de sobrevoar o espaço aéreo da Itália.
Oficialmente, os governos atribuíram a proibição a questões técnicas, mas, na verdade, havia suspeitas de que o ex-técnico da CIA, Edward Snowden – procurado pelos Estados Unidos por divulgar informações da CIA – estivesse no avião, que ficou retido em Viena por mais de dez horas.
Na manhã desta quarta-feira (3), em entrevista exclusiva ao site da Liderança do PT no Senado, Paim disse que o governo brasileiro precisa se posicionar sobre o incidente “ao menos com uma nota de solidariedade ao presidente boliviano, cujo avião foi praticamente sequestrado”. O senador, que integra a comissão do Mercosul no Congresso Nacional, lembrou que a aeronave foi impedida de pousar sem qualquer justificativa aceitável. “Isso colocou inclusive em risco a vida de Morales e sua comitiva”, disse.
O senador também disse que a retenção em Viena, onde a aeronave presidencial foi submetida a uma varredura foi “constrangedora”. “Nós falamos tanto em integração e por isso é necessário que haja de fato a solidariedade entre os povos”.
Compreensão
Sobre o silêncio do Ministério das Relações Exteriores e do Governo brasileiro sobre o assunto, Paim disse que compreende a atitude. “Acho que eles estão estudando a fundo o caso para ter uma clareza absoluta do caso e, assim, evitar complicar ainda mais esse incidente lamentável nos campos da diplomacia e da independência entre os países.” Mas disse que o Governo deve divulgar ao menos uma nota de solidariedade a Morales.
Ele disse que a Comissão do Mercosul deverá promover, já em sua próxima reunião, um debate sobre o incidente: “Nós não queremos que isso aconteça com mais ninguém”, disse, lembrando que não há sequer estado de guerra entre os países envolvidos nem absolutamente nada que justifique o comportamento inadequado com um Chefe de Executivo.
“Isso foi uma violência e é preciso que se trate essa questão à altura da gravidade do problema. Ou seja, é preciso que haja um posicionamento firme dos países em relação ao tamanho da violência cometida contra o Presidente da Bolívia”, insistiu.
Giselle Chassot
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