assuntos econômicos

Em sabatina, comissão aprova três indicações do governo Lula ao Banco Central

Izabela Correa, Gilneu Astolfi e Nilton Schneider foram indicados como próximos diretores do Banco Central

Alessandro Dantas

Em sabatina, comissão aprova três indicações do governo Lula ao Banco Central

Indicados para o Banco Central durante sabatina da CAE

Três indicados para cargos de diretoria no Banco Central foram aprovados após sabatina realizada nesta terça-feira (10/12) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. São eles: Nilton José Schneider David, Izabela Moreira Correa e Gilneu Francisco Astolfi Vivan. Agora, as indicações feitas pelo governo Lula serão analisadas pelo plenário da Casa.

As indicações foram feitas pela Presidência da República, e visam preencher duas vagas decorrentes de términos de mandato e a vaga deixada por Gabriel Galípolo — que teve o nome aprovado para a presidência da instituição.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), relator da indicação de Nilton José Schneider David, destacou que o indicado tem uma sólida experiência profissional, com trajetória que inclui a gestão de operações financeiras globais, o desenvolvimento de ferramentas de avaliação e otimização de fluxos de informação, e a liderança de equipes em mercados estratégicos como São Paulo, Nova York, Londres e Cingapura.

“A área que era ocupada pelo Sr. Galípolo precisa ser assumida por alguém com capacidade para entender, compreender e atuar nesse ambiente, garantindo que o Brasil e o Banco Central estejam preparados para enfrentar os ataques especulativos que temos sofrido nos últimos tempos, protegendo, assim, o nosso povo”, argumentou.

Carvalho também enfatizou os desafios que o novo diretor enfrentará, especialmente na redução da dependência de operações compromissadas na política monetária. Segundo ele, 75% dos recursos financeiros no Brasil estão concentrados em fundos, o que dificulta o controle do Banco Central. “Precisamos de um Banco Central com autonomia, com profissionais qualificados e diretores capacitados. O indicado tem pela frente um grande desafio, que é reduzir a dependência de operações compromissadas na gestão monetária”, disse.

Para Rogério Carvalho, BC precisa blindar o país de ataques especulativos do mercado financeiro. Foto: Alessandro Dantas

Nilton Schneider, durante a sabatina, afirmou que a diretoria do Banco Central tem condições, mandatos e instrumentos para entregar o objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços sem deixar de zelar pela estabilidade e eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.

“O Brasil apresenta sólidos fundamentos externos, a começar por reservas internacionais relevantes que, combinadas com o regime de câmbio flutuante funcional, formam a primeira linha de defesa do país, absorvendo choques e volatilidades. São as reservas que conferem seguro e dão conforto aos pagamentos dos compromissos externos do Tesouro, que hoje são uma fração delas. Do lado doméstico, o país possui um dos menores desempregos da sua história, acompanhado de sólida expansão do crédito, da atividade e da renda”, analisou.

Entre outras atribuições, o presidente e os diretores do Banco Central compõem a diretoria colegiada da instituição, que define e aprova as orientações para a atuação da entidade, e também compõem o Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa básica de juros da economia — a Taxa Selic.

Banco Central e os critérios ESG

A senadora Teresa Leitão (PT-PE) destacou a amplitude das atribuições do papel do Banco Central e questionou o papel da instituição não somente no controle da inflação e no equilíbrio do sistema financeiro, mas atento à conjuntura, relacionando o contexto monetário e o meio ambiente, a transição para uma economia de baixo carbono e a necessidade de gerar mais empregos.

“Como o Banco Central pode integrar a sustentabilidade ambiental em sua política monetária e nas diretrizes para o sistema financeiro? Qual seria a visão de vocês sobre o uso de critérios ESG – Ambiental, Social e Governança – para orientar concessões de créditos e políticas financeiras?”, questionou a senadora.

Na avaliação da senadora Teresa Leitão, Banco Central precisa estar atento às mudanças de conjuntura como as preocupações com o meio ambiente e a transição energética. Foto: Alessandro Dantas

Gilneu Vivan explicou para a senadora Teresa Leitão que o Banco Central tem tido uma participação bem ativa nesse debate, tanto na questão de participação de fóruns internacionais quanto na adoção de medidas de apoio e de transparência para que o mercado consiga entender qual é o risco ambiental das operações de crédito.

“Nós temos adotado políticas de transparência, pedindo para que as instituições financeiras divulguem qual é a política ambiental que elas perseguem e que deixem isso claro para os seus clientes, como forma de que a sociedade possa apoiar e pressionar quem quer que seja”, explicou.

Cidadania financeira

A candidata Izabela Correa defendeu o controle da inflação como uma das missões do Banco Central. Durante a sabatina, ela destacou o papel da autoridade monetária na formação de uma “cidadania financeira”.

“É o exercício de direitos e deveres que permitem ao cidadão fazer uma gestão adequada de seus recursos. Ao longo dos últimos anos, o Banco Central criou diversas iniciativas para educar e conscientizar cidadãos e clientes acerca de seus direitos e deveres. O BC tem se aproximado cada vez mais dos cidadãos brasileiros”, destacou.

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