Entrevista

Senador Rogério critica sobretaxa dos EUA e defende soberania comercial do Brasil

Em entrevista à Rádio Fan FM, senador denunciou postura eleitoral de Donald Trump, defendeu soberania brasileira e destacou ações do governo Lula para proteger exportações e empregos

Janaína Santos

Senador Rogério critica sobretaxa dos EUA e defende soberania comercial do Brasil

Na manhã desta sexta-feira (15/8), o senador Rogério Carvalho (PT-SE) concedeu entrevista ao Jornal da Fan, na Rádio Fan FM, onde fez duras críticas à decisão do governo dos Estados Unidos de sobretaxar produtos brasileiros, destacando que a medida é ilegal e politicamente motivada.

Segundo o parlamentar, a medida é contestada até mesmo dentro do próprio Congresso americano e pelo setor empresarial que importa do Brasil. “Essa taxação é considerada ilegal tanto pelos senadores americanos que visitamos, quanto pelos empresários que levam produtos brasileiros para os EUA. O Brasil, diferente do que o presidente americano afirma, tem um déficit comercial acumulado de 410 bilhões de dólares nos últimos 15 anos”, afirmou.

”Sobretaxa é parte do ‘jogo político’ de Trump para tentar proteger a família Bolsonaro”
Durante a entrevista, Carvalho acusou o presidente Donald Trump de distorcer dados para favorecer seu discurso eleitoral. “O governo Trump passa a ideia de que o Brasil vende mais para os Estados Unidos do que compra. Ele mente para o eleitorado e mente ao dizer que o Brasil é um parceiro horrível. O que ouvimos dos senadores e empresários americanos foi exatamente o oposto”, declarou.

Para ele, essa postura é parte de uma estratégia política interna. “Trump escolhe alvos, cria crises e finge que está defendendo a América. Não podemos cair nesse jogo e tratar como algo pessoal contra o Brasil ou o presidente Lula”, alertou.

Impacto limitado e estratégia de reação
Em outro momento, Rogério destacou que, atualmente, os Estados Unidos representam apenas 12% das exportações brasileiras e que a sobretaxa afetará, no máximo, 4% do total exportado. Parte dessas vendas, segundo ele, já está sendo redirecionada para outros mercados.

Ele ressaltou, com isso, que o governo federal está agindo para minimizar os efeitos. “O presidente Lula afirmou claramente que vai buscar novos mercados, liberar crédito para os setores afetados e reduzir impostos internos para aumentar a competitividade. Temos condições de enfrentar essa pressão”, reforçou.

Entre as medidas em curso, o senador citou negociações com países da Ásia, Europa e Oriente Médio para ampliar as vendas de aço e grãos, além de ações junto à Organização Mundial do Comércio para questionar a legalidade da sobretaxa americana.

Diplomacia e protocolo nas relações Brasil-EUA
Carvalho também esclareceu que uma eventual conversa entre Lula e Trump depende de protocolos diplomáticos, negando qualquer dificuldade pessoal entre os presidentes. “Não é simplesmente pegar o telefone e ligar. Existe um procedimento institucional. O governo americano precisa autorizar seu corpo diplomático a organizar esse diálogo. Até agora, o que vemos é falta de disposição deles para conversar”, explicou.

O senador relembrou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a ter uma reunião marcada com o secretário do Tesouro americano, mas o encontro foi cancelado 16 horas antes. “Preferem manter a pressão e até atacar programas como o Mais Médicos, que é reconhecido mundialmente como o que mais levou médicos para regiões remotas”, criticou.

Brasil fortalecido no cenário internacional
Ao final da entrevista, Rogério reforçou que o Brasil está mais preparado para enfrentar crises comerciais do que no passado. “Hoje temos uma pauta de exportação diversificada e parcerias estratégicas em todo o mundo. Se um mercado se fecha, temos para onde direcionar nossos produtos”, disse.

Para ele, essa força é resultado direto da política externa adotada pelo presidente Lula. “O Brasil reconstruiu relações internacionais, retomou protagonismo e tem um governo que dialoga com o mundo. Isso nos dá margem para negociar em condições mais favoráveis e proteger nossos trabalhadores”, concluiu.

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