Justiça

Fraudes no INSS: das primeiras denúncias à devolução do dinheiro

Esquema começou em 2016, no mandato de Temer, aprofundou-se entre 2019 e 2022, sob Bolsonaro, e só foi desbaratado pelo governo Lula

Site do PT

Fraudes no INSS: das primeiras denúncias à devolução do dinheiro

Bolsonaro acabou com os mecanismos de controle dos descontos no INSS

As fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas do INSS, hoje no centro de uma CPMI que será instalada na próxima semana, não nasceram do nada. Basta seguir o fio da história para descobrir que elas começaram a ganhar forma ainda em 2016, no governo Michel Temer, e se consolidaram definitivamente sob Bolsonaro. O esquema só foi desmontado quando Lula decidiu investigá-lo a fundo. 

Nas redes sociais do PT no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), reforçou a importância da CMPI e lembrou que “85% das fraudes ocorreram por entidades que foram instauradas de 2017 até 2023, antes da posse do presidente Lula”.

Complacência e cumplicidade de dois governos  

Durante o mandato de Temer, servidores do INSS já alertavam sobre repasses suspeitos a associações, e alguns chegaram a sofrer ameaças por denunciarem os desvios. Em 2017, com a chamada “transformação digital”, o envio de extratos em papel foi suspenso, e tudo passou a ser feito pelo aplicativo, sem reforço nos mecanismos de controle. Muitos idosos, com pouca familiaridade digital, perderam a forma de acompanhar suas deduções, o que abriu caminho para o crescimento rápido das fraudes.

Entre 2019 e 2022, nos anos Bolsonaro, as regras que controlavam os descontos associativos foram flexibilizadas. A MP 871/2019 exigia renovação anual da autorização, mas a Lei 14.438, sancionada sem vetos pelo então presidente, acabou com o requisito, abrindo espaço para a proliferação de entidades fraudulentas. Como resumiu o ministro da Previdência, Wolney Queiroz: “Entre 2019 e 2022 é que o ladrão entra na casa”.

Nesse período, associações que deveriam ter sido descredenciadas foram “resgatadas” pelo INSS, recebendo novos acordos que lhes deram legitimidade para continuar operando.

Deputados do PT propõem convocação de Jair Bolsonaro para depor em CPMI do INSS

Investigação aconteceu no governo Lula

O resultado foi uma escalada de prejuízos. Segundo auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), entre 2017 e 2019 já havia aumento expressivo nas reclamações. Em 2023, o órgão iniciou uma investigação detalhada com mais de 1.200 aposentados em todo o país, e a grande maioria revelou não ter autorizado os descontos.

A fraude, no entanto, foi desbaratada apenas em 2025, já no governo Lula. A Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal em conjunto com a CGU, suspendeu todos os convênios com entidades suspeitas, bloqueou R$ 2,8 bilhões em bens e resultou em prisões. O ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, foi direto: “A partir de agora, nenhum aposentado terá descontos associativos na folha de pagamento”.

Justiça bloqueia R$ 119 milhões de fraudadores do INSS

Reembolso das vítimas

O governo agiu rápido para reparar o dano. Em agosto, Lula liberou R$ 1,08 bilhão para ressarcir de imediato 1,6 milhão de aposentados e pensionistas lesados. “Tudo acontece como determinou o presidente Lula: investigar, responsabilizar, ressarcir. Passos firmes para reparar erros e proteger quem mais precisa”, explicou, no final de julho, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner.

A CPMI do INSS ocorrerá, portanto, diante de um quadro claro: as fraudes têm raízes antigas, se consolidaram com o afrouxamento dos controles no governo Bolsonaro e foram finalmente interrompidas no governo Lula. Cabe agora aprofundar as responsabilidades, punir os reais culpados e assegurar que o sistema seja blindado contra novos golpes.

Governo Lula devolve R$ 1 bilhão para aposentados e pensionistas vítimas de fraude no INSS

To top