CPMI

Hacker do INSS fica em silêncio na CPMI, mas investigações revelam elo em fraude bilionária contra aposentados

Empresário integra grupo que criou entidades de fachada e movimentou mais de R$ 700 milhões com descontos ilegais de aposentados

Alessandro Dantas

Hacker do INSS fica em silêncio na CPMI, mas investigações revelam elo em fraude bilionária contra aposentados

O empresário Igor Dias Delecrode, conhecido como o “hacker do INSS”, ficou em silêncio na CPMI do INSS, em reunião realizada nesta segunda-feira (10/11). Ele chegou ao colegiado amparado por um habeas corpus do STF. Durante a reunião, os parlamentares aprovaram requerimento de apreensão do aparelho celular do investigado. O empresário é apontado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal como peça-chave em um esquema bilionário que fraudou aposentados e pensionistas.

Delecrode integra o grupo conhecido como “Golden Boys”, formado também por Felipe Macedo Gomes, Anderson Cordeiro e Américo Monte Jr. Eles se revezavam na direção de quatro associações — AASAP, MasterPrev, ANDDAP Prev e Amar Brasil — que, segundo auditorias, descontaram irregularmente mais de R$ 700 milhões de benefícios do INSS entre 2022 e 2024.

O empresário é dono de seis empresas de tecnologia, entre elas a Power BI Soluções, usadas para forjar assinaturas digitais falsas e validar filiações eletrônicas com biometria facial, dando aparência de legalidade às adesões em massa de aposentados, muitas vezes sem consentimento.

“As decisões administrativas foram tomadas dentro dos governos e permitiram que esse escândalo acontece. Esse indivíduo tem 28 anos, mas ele não começou hoje nesse esquema. Em 2020, ele já estava na Amar Brasil. Em 2021, ele participa da assembleia de criação da MasterPrev”, elencou o deputado.

As fraudes só se tornaram possíveis após o Decreto 10.537/2020, do governo Bolsonaro, que flexibilizou regras e permitiu que qualquer associação fizesse descontos nos benefícios de aposentados.

“Vários dos nomes que fazem parte da organização são conhecidos nossos e que caracteriza uma organização criminosa. Eles têm o mesmo contador, advogado, divisão de tarefas, hierarquia, que se relaciona com as fintechs. Como essa gente conseguiu essas ACTs? Começou a roubar aposentados? Foi por acaso que esses jovens ficaram milionários?”, questionou Pimenta.

Paulo Pimenta apresentou documentos que comprovam conivência do governo Bolsonaro com as fraudes. Foto: Alessandro Dantas

“O Decreto 10.537 que permitiu que essas entidades tivessem direito de ter ACT. Abriram a possibilidade com esse decreto assinado por Bolsonaro, Paulo Guedes e Onyx [Lorenzoni]. Essa é a prova de que essa gente, que era para estar na cadeia, foi autorizada a roubar de aposentados por conta desse decreto. Se o governo Bolsonaro não tivesse sido conivente, o esquema criminoso não teria entrado no Estado brasileiro”, completou o deputado Paulo Pimenta.   

Medidas do governo Lula

O governo Lula determinou a abertura de processos de responsabilização e acionou a AGU para bloquear bens e recuperar valores desviados. Durante a reunião, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) anunciou que o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, determinou a ampliação do prazo para que os aposentados e pensionistas pudessem reclamar os recursos ilegalmente descontados de seus benefícios. O novo prazo vai até 14 de fevereiro de 2026.

Além disso, Pimenta também enfatizou que o governo Lula já devolveu os valores descontados para mais de 3,7 milhões de pessoas no montante de quase R$ 2,6 bilhões devolvidos.

“Temos que fazer uma campanha de esclarecimento na CPMI para que todo mundo tenha direito de receber o dinheiro que foi roubado. Essa é a determinação do presidente Lula. É para isso que estamos trabalhando”, enfatizou.   

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