Daniel Gomes

Em um pronunciamento firme e tecnicamente embasado, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu, na manhã desta terça-feira (18/11), durante reunião da CPI do Crime Organizado, a necessidade de integrar inteligência, presença territorial e mecanismos legais robustos para enfrentar o avanço das facções. A sessão ouviu o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Logo no início, o senador chamou atenção para a origem dos conceitos que estruturam a saúde pública, comparando-os ao trabalho policial. O parlamentar, que é médico por formação, fez um paralelo direto entre o método científico da saúde pública e a necessidade de inteligência integrada para enfrentar o crime organizado no país. “Na medicina, assim como na segurança pública, para intervir é preciso conhecer o agente etiológico, o território onde atua, como se reproduz e como age. Sem isso, não há como combater com eficácia”, explicou.
Sofisticação financeira e infiltração política
Ao avaliar ações recentes da Polícia Federal, Carvalho destacou a Operação Carbono Oculto, uma das maiores operações contra organizações criminosas no país, e alertou para a capacidade dessas facções de operar dentro da economia formal. “O grau de sofisticação da lavagem de dinheiro, o uso de fintechs e até tentativas de interferir no Parlamento mostram como o crime organizado se embrica com estruturas que deveriam proteger o Estado brasileiro”, afirmou.
O senador completou lembrando que “parlamentares têm apresentado iniciativas destinadas a derrubar regulações fundamentais para rastrear a origem e o destino dos recursos financeiros”. “O que nos parece um indício de como interesses criminosos tentam se infiltrar no processo legislativo”, revelou.
Crime organizado, ocupação territorial e urgência por segurança
Além disso, Rogério Carvalho enfatizou que combater grandes organizações criminosas exige mais do que operações de força. “Esses grupos precisam de armas, de gente e de dinheiro. Precisamos entender como o dinheiro irriga essas estruturas. Só força não resolve”, ressaltou.
Ele citou seu próprio projeto de lei que criminaliza a circunscrição e ocupação de territórios, prática comum de milícias e facções, impedindo que moradores entrem ou saiam de suas próprias comunidades, acrescentando que a presença do Estado é fundamental. “A presença no território importa. Não podemos abandonar a população nem permitir que o crime ocupe o lugar que deveria ser do Estado”, cobrou.
Integração entre União, Estados e Municípios
Em outro momento, o líder do PT reforçou que a CPI deve produzir respostas práticas para a sociedade, e não apenas diagnósticos, destacando que o projeto enviado pelo presidente Lula ao Congresso busca justamente atender ao clamor social por segurança pública. “O Estado brasileiro não é um ente isolado. É um conjunto. E a urgência da sociedade exige uma ação integrada”, disse.
Papel da CPI
Por fim, o senador questionou os órgãos presentes e o conjunto dos parlamentares, enfatizando que “temos um dever com o povo brasileiro”. “Precisamos desmontar os esquemas sofisticados, identificar conexões entre política e crime, entre sistema financeiro e crime, entre produção e abastecimento do crime organizado. Mas também precisamos aliviar a agonia do povo que vive sob medo e sofrimento”, defendeu.
“Precisamos dar uma resposta efetiva ao povo brasileiro. Tenho certeza de que a Polícia Federal, o presidente Lula e a maioria dos governadores trabalham nesse sentido. Cabe a nós explicitar caminhos e entregar soluções”, concluiu.



