Agência Brasil

O segundo ano do governo do presidente Lula registrou aumento na taxa de sindicalização, o primeiro resultado positivo da série histórica.
Os dados do IBGE divulgados na última semana (19/11) revertem os efeitos da agenda neoliberal que resultou em queda no número de trabalhadores sindicalizados desde 2012 e mostram que a recuperação em 2024 coincide com o aumento do emprego formal e com a retomada das políticas de geração de emprego e renda em 2023.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) identificou 9,1 milhões de trabalhadores sindicalizados, o equivalente a 8,9% do total da população ocupada, contra 8,4% (8,3 milhões de pessoas) registrados em 2023.
Apresentaram aumento nas taxas de sindicalização os grupamentos de administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (15,5%) e indústria geral (11,4%), ambas com um aumento de 1,1%. Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que representa a segunda maior proporção de sindicalizados (14,8%), teve perda de 0,2%.
Na análise pela posição na ocupação e categoria do emprego, os empregados no setor público (18,9%) apresentaram a maior taxa de sindicalização, seguidos pelos trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,2%) e trabalhadores familiares auxiliares/setor agropecuário (9,9%).
O país tem 101 milhões de trabalhadoras e trabalhadores. No início da série, em 2012, o número de sindicalizados era de 16,1% e o percentual mais baixo foi registrado em 2023.
Reposicionamento do trabalho na agenda nacional
As centrais sindicais comemoram avanço da sindicalização e divulgaram nota conjunta ressaltando a importância da retomada das políticas de geração e valorização do emprego promovidas pelo presidente Lula.
A alta, segundo os líderes sindicais, “se conecta a fatores estruturais como a geração de empregos formais e a retomada das contratações no setor público, impulsionados pela reconstrução do Estado como indutor do desenvolvimento e pelo reposicionamento do trabalho na agenda nacional”.
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Para os sindicatos, cresceu a compreensão de que somente a ação coletiva organizada é capaz de promover conquistas, garantir proteção social, enfrentar desigualdades e influenciar políticas públicas. “Os dados do IBGE reforçam tal percepção: o sindicato é reconhecido como ‘escudo protetor coletivo’”, salientaram os líderes sindicais que assinam a mensagem.
“Um sindicato forte é essencial para a democracia e para proteger a classe trabalhadora”, destacou a Força Sindical em seu perfil na rede X junto com a íntegra da nota.
Reorganização da luta por direitos
Em entrevista ao jornal O Globo, o gerente da pesquisa William Kratochwill, avaliou que os trabalhadores podem estar voltando a ter interesse em se reorganizar.
“Talvez as pessoas estejam começando a verificar novamente a necessidade de se organizar e de lutar pelos direitos. Isso se dá pelo sindicato”, assinalou, ao citar a intensificação da queda nos índices de adesão sindical após a aprovação da reforma trabalhista em 2017.
De acordo com a PNAD, a taxa de sindicalização é maior entre os homens (9,1% contra 8,7%), embora o percentual tenha crescido em ambos os grupos em 2024. Trabalhadores com ensino médio completo são 37,5%; superior completo totalizam 37,2% e os que têm ensino fundamental completo e médio incompleto são 5,7%.
Os maiores crescimentos foram entre trabalhadores que tinham superior completo, que foi de 13,5% para 14,2%; e os com médio completo e superior incompleto, de 7,1% para 7,7.
Na indústria geral, o índice foi de 10,3% para 11,4%. Entre os trabalhadores de agricultura e pecuária houve queda de 15% em 2023 para 14,8% em 2024.
Sul e Sudeste lideram crescimento
O grupamento de atividades de informação, comunicação e financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas apresentou aumento de 0,8%, com taxa de sindicalização de 9,6%. O setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas registrou taxa de sindicalização de 5,6%.
As menores coberturas sindicais estavam entre os empregados no setor privado sem carteira assinada (3,8%) e os trabalhadores domésticos (2,6%).
As regiões Sul (9,8%) e Sudeste (9,2%) apresentaram crescimento e as demais tiveram queda. A região Nordeste é a única em que o percentual das mulheres sindicalizadas (10,0%) foi superior ao dos homens (8,9%).
O Sul também registra o maior índice de pessoas ocupadas como empregador ou trabalhador por conta própria no trabalho principal associadas à cooperativa de trabalho ou produção, com 8,2%.



