O senador Paulo Paim (PT-RS) alertou que as medidas protecionistas adotadas pela Argentina nos últimos meses poderão significar a demissão de cinco mil trabalhadores gaúchos na zona fronteiriça. “A situação é difícil e há impasse. Dos 60 produtos que exportávamos para a Argentina, 36 estão numa lista de bloqueio. Mais de três milhões de pares de calçados estão na fronteira devido a esse não entendimento, já que a Argentina resolveu proibir ou dificultar a entrada de produtos brasileiros naquele país”, afirmou.
Paim observou que outros produtos como máquinas agrícolas também aguardam autorização da Argentina para entrar no país ou devem cumprir exigências feitas de última hora. O setor moveleiro gaúcho paralisou a linha de produção e os produtos alimentícios, perecíveis, estão comprometidos. “O prejuízo apenas para o Rio Grande do Sul já chega a R$ 2,5 bilhões. Há indignação do empresariado e dos trabalhadores brasileiros com essa situação”, enfatizou.
O senador considerou grave a política comercial protecionista que está sendo adotada pelo governo argentino porque justificaram as medidas protecionistas da seguinte maneira: se querem vender aqui, que instalem as plantas industriais na Argentina. “Isso é gravíssimo porque foram firmados contratos, acordos e entendimentos no âmbito da Organização Mundial do Comércio, onde um país deve entregar a mercadoria dentro de um prazo de 60 dias. Acontece que as dificuldades criadas ultrapassam 180 dias, ou seja, seis meses para liberar as mercadorias que estão na fronteira”, afirmou.
Segundo Paim, há indignação também entre os empresários argentinos, que dependem de matérias-primas adquiridas do Brasil. As duas reuniões feitas pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado e pelos parlamentares brasileiros que integram a Representação Brasileira no Mercosul (Parlasul) procurou contribuir para formar um acordo entre os dois países com a finalidade de destravar ou retirar as medidas protecionistas. “Questionei os parlamentares argentinos sobre o fato de que a Argentina não cumpre os contratos, não respeita a palavra empenhada e nem o documento assinado. Esse é o problema. Quem não está respeitando o que foi acordado, inclusive, é o ministro da Fazenda, Guillermo Moreno, que tem criado os maiores obstáculos para o Brasil”, criticou.
Marcello Antunes