Humberto repudia ‘tresloucados’ que querem volta da ditadura

Humberto: não condenar o golpismo é ser conivente com eleO senador Humberto Costa (PT-PE), líder da bancada, repudiou com veemência, nesta terça-feira (04), em plenário, a manifestação de aproximadamente 2,5 mil “fascistas tresloucados” que se manifestaram, no último sábado, em São Paulo, em defesa do impeachment da presidenta eleita democraticamente, Dilma Rousseff e a volta do regime militar ao País.

Para o senador, apesar de a oposição negar proximidade com os fascistas, fica evidente a partidarização desses movimentos, com apoios velados, com estímulo a atitudes à margem do direito e da legalidade, fomentando um sentimento antidemocrático e ditatorial.

“Observem a atitude do PSDB de solicitar a auditagem das urnas utilizadas nas últimas eleições. Que mensagem há por trás de um gesto dessa natureza?”, questionou. “Uma atitude dessa natureza pretende lançar dúvidas sobre a lisura do pleito e, lançando dúvidas sobre as eleições, pretende atingir a legitimidade de uma presidenta eleita pelos brasileiros. É vergonhosa uma demanda dessa natureza; é um desserviço à democracia”, emendou.

Humberto ainda mencionou, como exemplo, o convescote realizado na sede do PSDB-DF, na noite da última segunda-feira, em defesa do impeachment da presidenta Dilma. O senador classificou o ato como “deprimente”.

No entanto, de acordo com Humberto, outros integrantes da legenda de oposição tem a dignidade de vir a pública repudiar essas manifestação autoritárias. O ex-ministro Xico Graziano classificou como “absurda” a manifestação realizada em São Paulo. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se manifestou e disse que “não se pode aceitar esse tipo de coisa”.

“Eu sei que muitos no próprio PSDB são frontalmente contrários a essa série de tropeços do partido havidos após a derrota nas urnas”, disse.

Humberto Costa também disse que aguarda a manifestação, em plenário, do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que deve retornar nesta semana ao Senado, contra “os atos de agressão à democracia que tem sido perpetrado por alguns criminosos”.

“Não condenar esse tipo de golpismo é ser conivente com ele. Não há o lado do silêncio em um momento em que a democracia está sob ataque: ou se está ao lado dela ou se está contra ela”, disse. “É imprescindível que lideranças da oposição cumpram o dever cívico de defender o regime democrático e de reprovar, de maneira contundente, qualquer flerte de seus seguidores com atitudes golpistas e atentatórias às regras constitucionais”, salientou.

Atos preconceituosos contra nordestinos
O senador aproveitou a oportunidade e parabenizou a iniciativa da Polícia Federal e da Ordem dos Advogados do Brasil, que estão empenhadas em investigar e punir os responsáveis pelas “odiosas” ofensas feitas aos nordestinos em redes sociais. De acordo com o senador, esses “bandidos” estão sendo investigados, com base na lei sobre o racismo, por sugerirem medidas como a divisão do Brasil e a construção de um muro para separar o Nordeste e o Norte das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

“São atentados reiterados à democracia, às nossas instituições, à integridade do nosso País, à dignidade da pessoa humana, que têm de cessar imediatamente. E a oposição tem um papel fundamental no combate a isso”, alertou.

Gilmar Mendes ataca as instituições democráticas
Na oportunidade, o líder do PT no Senado, ainda manifestou “profundo desapreço” à fala do ministro Gilmar Mendes, que se dirigiu, de acordo com o senador, de maneira depreciativa ao Supremo Tribunal Federal.

Para Humberto Costa, o ministro do STF tem se somado ao ataque sistemático às instituições democráticas. Em entrevista publicada na última segunda-feira, Gilmar Mendes classificou o STF de futuro tribunal bolivariano.

“Vejo que o ministro, involuntariamente, acaba se somando a esses manifestantes que atacam as instituições democráticas com o intuito de deslegitimá-las”, avaliou.

Para o senador, o ministro Gilmar Mendes deve um pedido de desculpas aos seus colegas, ao Senado – que sabatina os indicados para a Corte – e à sociedade brasileira pelas declarações que deu.

“Em vez de desmerecer sistematicamente a nossa democracia, devemos trabalhar para aperfeiçoá-la. Não existe regime democrático forte com instituições fracas. E o melhor caminho para fortalecê-las é, exatamente, promovendo a reforma política sobre a qual temos falado”, defendeu.

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