Na edição desta terça-feira (09), por exemplo, o jornal O Globo abre página com uma matéria que faria corar os mestres do bom jornalismo: um apanhado de trechos de matérias antigas, sem base, aponta o dedo para integrantes da base governista que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga as denúncias de irregularidades na Petrobras. Lista parlamentares que receberam doações de campanha das empresas envolvidas. Doações, que, aliás, são perfeitamente legais.
Todas as informações da reportagem são repetidas, pois há pelo menos quatro meses vêm sendo publicadas e recicladas pelos demais. A caducidade, porém, não incomoda O Globo, pois a intenção não é propriamente informar, mas sim incriminar determinado partido e absolver outro por antecipação.
Também reproduz, com destaque e holofotes, ‘’informação” publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo no dia 22 de novembro – há exatos 17 dias – dizendo –que o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE,) teria recebido recursos “da cota do PP” para a sua campanha. Em todo o texto não há uma declaração sequer para acrescentar alguma credibilidade ao factoide, o que não impediu que O Globo aplicasse o Ctrl C+Ctrl V no texto do concorrente. Humberto Costa já expôs o ridículo de ser acusado de receber qualquer coisa da cota de um partido que não o seu próprio, mas pouco importa para o oligopólio de mídia: a balela continua sendo reproduzida como verdadeira, ainda que a única base para a história seria a suposta delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A reportagem desta terça-feira (09), Integrantes da CPMI receberam doação de empresas da Lava-jato sequer traz informação nova em seus oito longos parágrafos, distribuídos em três colunas (fora um destaque, tecnicamente chamado de “olho”) e ilustrada com foto do relator da CPMI , Marco Maia (PT-RS).
Lá pelo meio da reportagem, sem alarde nem retrato, para não expor o parlamentar do partido amigo, tem-se a informação de que um dos mais atuantes da oposição na CPMI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), também recebeu R$ 250 mil da Fidens, integrante de um consórcio que participou do início das obras da Usina Premium de Bacabeira, no Maranhão. Sem alarde, sem manchete, sem retrato. A Fidens, segundo a mesma reportagem, “consumiu mais de R$ 1,5 bilhão em quatro anos e que nãosaiu da fase de terraplanagem”. Para o jornal, a relação entre a empresa participante da obra e o recebimento de R$ 250 mil pelo deputado pareceu irrelevante. Afinal seu partido tem de ser mantido fora do alvo. A inclusão da relação (suspeita? legítima?) do deputado sequer mobilizou sua assessoria para desmentir ou confirmar o que foi publicado.
A parcialidade e partidarismo mantêm-se até o último parágrafo, onde finalmente se encontra que “o partido que mais recebeu, no entanto, é de oposição: o PSDB de Minas Gerais, que levou RS 5,780 milhões em doações das empresas Camargo Corrêa, Alusa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Fidens e Mendes Junior”.