Lixo não está mais indo para debaixo do tapete, diz Viana sobre combate à corrupção

Viana retruca tucano mostrando ações do governo petista para dar autonomia aos órgãos com poder de políciaO senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado,  discursava ao plenário nesta quinta-feira (19) quando, ao final de seu  pronunciamento, destacou a atuação do ex-presidente Lula no aperfeiçoamento de órgãos como o Ministério Público e a Polícia Federal. Ao lembrar que tal apoio possibilitou maior autonomia para investigar esquemas de corrupção, Viana tocou em uma das principais feridas da oposição, em especial o PSDB: a falta de conclusões nas denúncias levantadas durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

“Como eram [durante o governo FHC] os escândalos, como eram as operações como a Castelo de Areia? Imediatamente o juiz não tinha autonomia de prender ninguém, de convocar ninguém, ia à outra instância e aquilo era levado pelo vento. Foi o governo do PT que criou as condições para esse País começar a apurar, a punir pessoas envolvidas em corrupção”, apontou Viana.

Logo após concluir o discurso, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que já foi cassado por irregularidades quando governou a Paraíba, subiu a tribuna e não conseguiu esconder que acusou o golpe. Sem destacar qualquer medida adotada durante a gestão tucana para os órgãos com poder de polícia, o parlamentar repetiu o óbvio: que as instituições ganharam as suas atribuições e autonomia a partir da Constituição de 1988.

“Toda vez que escutamos esse discurso de que hoje se apura e, no passado, não, irrita cada vez mais”, vociferou, dizendo ainda que também houve fortalecimento dos órgãos durante o governo FHC. Faltou ao senador da oposição, no entanto, detalhar quais foram as ações que teriam melhorado tanto a Polícia Federal quanto o Ministério Público.

“Foi no governo do presidente Lula que nós tivemos a contratação de sete mil agentes para a Polícia Federal. Foi no governo do presidente Lula que nós tivemos a grande ampliação da presença do Ministério Público Federal com concursos abertos. Agora, como nós estamos aqui num debate educado, eu não tenho dúvida de que o País e as instituições, hoje, estão atuando com uma liberdade a que o Brasil não estava acostumado”, rebateu, em aparte, o petista.

Para Viana, o Brasil amadureceu e as instituições ganharam independência com ajuda dos governos petistas. “Se há lixo, ele não está indo mais para baixo do tapete. Ele está sendo colocado à prova. E que bom que a gente está tirando esse lixo da corrupção, ou diminuindo ou combatendo”, destacou.

O senador também rebateu as denúncias contra o PT sobre o recebimento de doações de empresas investigadas pela operação Lava Jato, da Polícia Federal. Ele questionou os discursos histriônicos que acusam a sigla de esquerda de cometer caixa dois e propina devido a esses financiamentos.

“Disseram que o financiamento dado por essas empresas pro PT é caixa dois, é crime, é propina. Mas o dinheiro dado pela mesma empresa para o PSDB não é. Para o Democratas também não. Para o PP também não”, comparou.

Reforma política

Também em aparte a Cássio, o senador Donizeti Nogueira (PT-TO) defendeu que o combate à corrupção só será possível se os congressistas fizerem um pacto em favor de uma profunda reforma política. “Às vezes, nos iludimos pensando que nós vamos resolver o problema da corrupção se nós continuarmos com as emendas [parlamentares], que é uma das fontes de corrupção nesse País, se nós continuarmos com a questão do financiamento nos moldes que está das campanhas eleitorais”, disse.

O parlamentar reforçou o discurso feito na quarta-feira, quando afirmou que se as denúncias de desvios na Petrobras denunciadas em 1997 pelo falecido jornalista Paulo Francis tivessem sido apuradas, a situação política atual poderia ser diferente.

“Naquela época, as coisas eram denunciadas, mas não eram apuradas. Hoje não é por benefício do PT, da presidente Dilma ou do ex-presidente Lula que são apuradas. São apuradas porque a democracia vem se aperfeiçoando”, colocou.

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