Ex-presidente discursou na abertura da 5ª edição da Marcha das Margaridas“Foi a dignidade de vocês que construiu esse país”. A frase é o resumo do discurso do presidente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, na noite dessa terça-feira (11), falou a milhares de trabalhadoras do campo, das cidades, das florestas e das águas. Era a abertura da 5ª edição da Marcha das Margaridas, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Este ano, o encontro tem como tema Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade.
“A presidenta Dilma deve estar agora orgulhosa de presidir um país que tem um povo da qualidade das margaridas que estão aqui hoje”, disse o ex-presidente. “Hoje é um dia para celebrar a força das mulheres e do povo brasileiro”, continuou.
Lula exaltou a eleição da presidenta Dilma Rousseff: “ousamos eleger uma mulher que aos 20 anos foi presa e torturada. E hoje, com a coragem das mulheres, ninguém ameaçará a democracia”. E completou: “se tem uma coisa que o povo brasileiro aprendeu nos últimos anos, foi fazer a sua própria história”.
“Nós não vivemos o momento mais extraordinário do nosso país”, reconheceu o ex- presidente. “Nós vivemos algumas dificuldades, que não é uma dificuldade da presidenta Dilma. Não é uma dificuldade de nenhuma de vocês individualmente. É daquela dificuldade que a gente não sabe quem foi que criou”, afirmou, reconhecendo que a presidenta pode ter cometido erros, mas lembrando que é preciso ajudá-la para que possa consertá-los.
“Algumas pessoas não perceberam que a eleição acabou dia 26 de outubro e que a Dilma é presidenta deste país”, afirmou Lula. O ex-presidente relembrou que, diante das dificuldades atuais, “algumas pessoas querem jogar a responsabilidade na presidenta Dilma”, e lembrou que “esses que agora se apresentam como solução, entregaram o país quebrado e devendo dinheiro para o FMI.”
Em seguida, fez de forma muito clara um comparativo econômico e, sobretudo, social do Brasil. “Vocês se lembram que este país já foi muito dividido. Entre os que comiam e os que tinham fome. Os analfabetos e os que frequentavam as escolas e universidades. Sem terra e com terra. Os que iam para o shopping e os que ficavam só a olhar”, discorreu Lula mostrando de forma muito clara as desigualdades sociais sustentadas pelos tucanos.
Viajante
Lula foi exaltado ao afirmar que está organizando sua agenda para “voltar a viajar este país”. “Eu quero ver se nossos adversários estão dispostos a andar por este país e discutir este país como ele precisa ser discutido”, desafiou.
Também adiantou que, além dele, a presidenta Dilma, ministros, deputados e senadores da base aliada viajarão pelo Brasil para discutir os problemas nacionais. “A presidenta já começou a viajar, os ministros irão para outro canto, os deputados para outro, os senadores para outro e eu para outro, quero ver se os nossos adversários estão dispostos a andar por este país e discutir este país.”
O ex-presidente falou também sobre as dificuldades do atual momento econômico. “Muita gente está preocupada em perder o emprego”, disse. E pediu apoio dos movimentos sociais em defesa do que das conquistas das administrações petistas, como maior distribuição de renda, acesso ao crédito e redução da pobreza.
“Quando a gente está preocupado, tem que saber o que a gente era quando começamos esta luta, como era esse país há 12 anos, na época dos [atuais] salvadores da pátria”, afirmou.
“A única coisa que nós sabemos é que não foi o povo trabalhador que criou a crise econômica mundial. Foram os banqueiros internacionais. A crise não nasceu em Quixeramobim. A crise não nasceu em Garanhuns ou muito menos em Maceió. A crise não nasceu em Brasília. A crise nasceu no coração dos Estados Unidos, a crise nasceu no coração da Europa”, completou em seguida.
Representando o Governo Federal, o Ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias, reafirmou dois compromissos com as margaridas. “O primeiro é a Luta pela Reforma Agrária, onde temos como meta assentar até o final do Governo Dilma todas as trabalhadoras e trabalhadores rurais que vivem debaixo da lona. O segundo é trabalhar por políticas que garantam vida digna e descente para as mulheres.” Ressaltou.
A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, homenageou duas mulheres que não desistiram diante da luta, Margarida Alves e Dilma Rousseff. “São mulheres que não se calaram mesmo diante das pressões e desafios enfrentados por serem mulheres”, destacou.
Margaridas
A primeira Marcha das Margaridas foi realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) no ano 2000, quando cerca de 20 mil mulheres de todas as regiões vieram para Brasília para fortalecer a luta das trabalhadoras do campo, das cidades, das florestas e das águas de todo o Brasil. A 2ª Marcha aconteceu em 2003, quando ainda mais mulheres uniram-se na capital federal por um país mais igualitário e com direitos para todos. Em 2007, com a participação de Lula em seu segundo mandato como presidente, a 3ª Marcha floriu Brasília mais uma vez. Em 2011, mais de 100 mil mulheres marcharam na 4ª Marcha das Margaridas.
A marcha leva o nome de margaridas em homenagem a Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande – PB, assassinada em 12 de agosto de 1983.
Giselle Chassot, com informações do Instituto Lula, assessoria de imprensa da Contag e agências de notícias
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