Humberto: “Estamos todos no mesmo barco e não vamos sair do lugar enquanto estivermos remando em direções opostas”Fora da Constituição não há saída política. Torcer o texto constitucional e tomar atalhos ilegais para encurtar um mandato legitimamente conferido pelas urnas não passará de uma “quartelada civil” que cairá no vazio porque carece de respaldo legal. Para o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), o fim do impasse político e das dificuldades econômicas por que passa o Brasil precisa ser encontrado dentro das regras previstas em Lei. Sem isso, a democracia se fragiliza e não haverá segurança nem jurídica, nem política e nem social.
Em pronunciamento ao plenário nesta terça-feira (15), Humberto ironizou todas as propostas alternativas que surgem para tentar encerrar o mandato da presidenta. Aparentemente desiludida com a possibilidade de ver passar o golpe que articula desde as eleições de 2014, a oposição e setores da mídia começam a semear ideias de novas eleições presidenciais em outubro.
A tese chama a atenção do líder: “Não deixa de ser interessante observar essa abordagem porque, de maneira muito clara, é um reconhecimento de que a sucessão da presidenta Dilma – que foi eleita pela maioria dos brasileiros – só será legítima se for feita por meio do voto, e não por atalhos ilegais, como este processo torto de impeachment”, comentou, esclarecendo que essa também é uma fórmula a ser repelida, porque não passa de outra alternativa para abreviar o mandato da presidenta. “Se está fora da Constituição, não pode ser acolhida por nós porque seria igualmente uma afronta ao Estado democrático de Direito”, sustentou.
Uma repactuação com as correntes políticas do Congresso e a reorganização da base parlamentar é a saída possível para o impasse, sustenta Humberto. Para ele, o processo de impeachment, com seus vícios gritantes, será definitivamente enterrado na Câmara dos Deputados. “Eu creio que, a cada dia, cresce nas cidadãs e nos cidadãos brasileiros o sentimento de que esse é um processo absolutamente infundado, comandado por um réu, que quer abrir caminho para um governo ilegítimo, aplicando um castigo sem crime a uma mulher honesta como a presidenta Dilma”, disse.
Encerrada essa fase, Humberto defende a construção de um novo ciclo político, com diálogo aberto e aprofundado. Ele citou diversos sinais de que a crise econômica pode ser superada: “O País está oferecendo reação: a inflação tem desacelerado; alguns componentes importantes, como o valor da conta de luz, têm caído; a taxa básica de juros também indica uma eventual queda; o governo vem mostrando garra para fazer face às dificuldades, lançando estímulos, como a terceira fase do Minha Casa, Minha Vida, que chega para dinamizar o mercado da construção civil; em suma, estamos trabalhando fortemente para superar os problemas e colocar a casa em ordem” ,elencou.
Recolocar o País nos trilhos, de acordo com Humberto, será uma obra coletiva, que precisará do empenho de todos os atores políticos e sociais. “Estamos todos no mesmo barco e não vamos sair do lugar enquanto estivermos remando em direções opostas”, justificou.
Giselle Chassot
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