Paulo Nogueira Batista se absteve na votação que aprovou pagamento de uma das parcelas do pacote de ajuda financeira à Grécia. Para Lindbergh, brasileiro expressa preocupação de cidadãos de vários países com medidas de austeridade que provocam recessão, desemprego e perda de direitos
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) repudiou, na última quinta-feira (01), o tom, considerado por ele, “precipitado” com que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, posicionou-se contra a decisão do representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista, que se absteve de votar na questão da ajuda financeira da instituição à Grécia.
O senador mostrou-se particularmente incomodado com a iniciativa do ministro Guido Mantega, que, assim que soube do voto de Nogueira, telefonou para diretora-gerente do FMI, Christne Largarde, para dizer que o voto não representava o governo brasileiro.
“Quem conhece a história e a responsabilidade do professor Paulo Nogueira Batista, nosso representante no Fundo Monetário Internacional, sabe que, primeiro, o ministro Mantega tinha que ter conversado com ele”, disse o senador, da tribuna. O telefonema para Christine Largarde, enfatizou, “como uma prestação de esclarecimentos”, não é a forma mais indicada de agir. “Vou ligar para o Ministro pessoalmente para dizer isso. Já passou o tempo em que o Brasil tinha essa postura no passado de subserviência às posições do FMI”, completou.
Lindbergh disse ainda que o representante do Brasil no FMI revelou os “absurdos” que estão incluídos nas cláusulas do acordo de ajuda à Grécia, que conta com o apoio do governo brasileiro. O senador lembrou que o país está devastado pelo desemprego e que sua economia, hoje, marca queda na atividade econômica de -4,2%.
“A percepção generalizada é que as dificuldades provocadas por políticas de ajuste draconianas não estão surtindo efeito de nenhuma forma e isso tem solapado ainda mais o apoio público ao programa de ajuste e reforma”, disse ainda o senador. Mais ainda: o voto de Paulo Nogueira Batista, para Lindbergh, está de acordo com o que disse a presidenta da República, Dilma Rousseff, no encontro de cúpula realizado na Espanha, no final de 2012. Na ocasião, afirmou, Dilma destacou os enormes sacrifícios da população dos países mergulhados na crise global, atingida pelo desemprego e perda de benefícios, a partir da adoção de políticas de austeridade.
“Sabemos que os impactos da crise são diferentes entre os países e as respostas à crise também têm suas diferenças e produzem consequências diversificadas. O equívoco, porém, é achar que a consolidação fiscal coletiva, simultânea e acelerada seja benéfica e resulte em uma solução efetiva”, destacou Lindbergh, lendo trecho do pronunciamento da presidenta.
Ao final, Lindbergh aplaudiu a “coragem” do representante do Brasil no FMI, e disse que sentiu “orgulho” de Paulo Nogueira Batista, que representa o total de 11 países na instituição. “Sua posição externou a posição de muitos cidadãos de vários países do mundo, preocupados com essa crise prolongada e com os efeitos dessas políticas de austeridade”, concluiu.