Ângela: Não é este o Brasil que queremos, não é este o Brasil por que lutamosO espetáculo de cinismo promovido no último domingo (17), na Câmara dos Deputados, quando foi aprovado o andamento do processo de impeachment contra Dilma, foi condenado pela senadora Ângela Portela (PT-RR), assim como já fizeram outros colegas de partido. Em discurso nesta terça-feira (19), a senadora destacou o quadro surreal de deputados discursando contra a corrupção – os mesmos que estavam enrolados até o pescoço com denúncias e processos judiciais.
“Para completar o espetáculo bizarro, a operação [a sessão na Câmara] é comandada por um deputado [Eduardo Cunha] contra o qual pesam gravíssimas acusações de corrupção. Vejam só que ironia”, exclamou a senadora.
“Não é este o Brasil que queremos, não é este o Brasil por que lutamos. Um País em que corruptos desprezam o devido processo legal para retirar do poder uma presidenta honesta, em um processo que só traz instabilidade política e econômica”, emendou.
Para Ângela, a votação deste domingo serviu pelo menos para expor ao País que o que move os líderes do impeachment não é o desejo de punir eventuais irregularidades fiscais, tampouco o interesse em recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento econômico e, menos ainda, combater verdadeiramente a corrupção.
“A votação de domingo mostrou que o impeachment é uma tentativa de chegar ao poder patrocinado pelos que não tiveram votos em 2014, além de uma cortina de fumaça que poderá livrar da punição políticos seriamente suspeitos.
Essa é uma realidade que até mesmo a imprensa internacional já percebeu”, disse
A petista lembrou, no entanto, que a população já começou a perceber a tentativa de golpe, usando como base a alta rejeição a um eventual governo do vice-presidente Michel Temer. Segundo o Datafolha, entre os manifestantes em São Paulo, no último domingo, 68% dos favoráveis ao impeachment acreditam que essa gestão será regular ou ruim/péssima, enquanto esse índice foi de 88% entre os defensores da democracia.
“Nenhum governo poderá ser considerado legítimo numa situação como essa. E nenhuma solução para os nossos problemas econômicos e políticos poderá vir daí”, disse Ângela.
Ela reforçou ainda que continuará lutando ao lado dos que defendem as garantias democráticas e o valor dos votos dos brasileiros. “Essa luta se dará a partir de agora no Senado e eu, fiel aos meus princípios e valores, vou trabalhar para que o processo de impeachment seja barrado nesta casa”.
Dia do Índio
No discurso, Ângela também lembrou a data do Dia do Índio para lembrar a luta dos povos tradicionais no Brasil em Roraima. “Quero, nesse 19 de abril, fazer a minha homenagem aos índios de todo o Brasil e do nosso Estado de Roraima, que precisam e merecem o reconhecimento do Poder Público para que eles possam ter uma vida digna”, disse.
Leia mais:
Paim sobre impeachment: “não chegamos aqui para ser carimbador de decisões da Câmara”
Brasil tem um veio golpista adormecido, diz Dilma a jornalistas estrangeiros