Viana: “Não sei com que cara alguém pode dizer que transferir a decisão para o eleitor pode ser golpe”O senador Jorge Viana (PT-AC) rebateu, nesta terça-feira (26), em plenário, a declaração atribuída ao vice-presidente Michel Temer de que a convocação de novas eleições seria um golpe. Para Viana, é ridículo os jornais estamparem em suas manchetes a ideia de que discutir eleição direta para presidente é golpe.
“Perguntem aos brasileiros. Perguntem aos eleitores. Estão tentando tirar uma presidenta que teve 54 milhões de votos e pondo um que teve aqueles votos ridículos, que envergonhou o Brasil lá na Câmara dos Deputados, naquele domingo. É essa a troca”, disse.
Para o senador, estão trocando voto do povo por voto de políticos que “não têm nenhum prestígio”, apesar de terem sido eleitos. “Perderam prestígio porque o Congresso brasileiro está desprestigiado junto à população”, explicou.
Jorge Viana defendeu a consulta à população como forma de resolução do atual impasse em que o País se encontra e que pode culminar no impeachment de uma presidenta democraticamente eleita com mais de 54 milhões de votos.
“Isso, para mim, seria o limite do limite, mas só pode vir se for dentro de um entendimento, dentro de um procedimento em que o Parlamento, a própria presidenta, o vice-presidente Michel Temer e o Supremo Tribunal Federal pudessem acolher”, defendeu.
O senador citou o resultado de recente pesquisa Ibope apontando que 62% dos entrevistados preferem a realização de novas eleições. Para o Viana, caso o vice-presidente persista na ideia de chamar de golpe a realização de novas eleições, ele terá de se explicar. “Não sei com que cara alguém pode dizer que garantir a decisão das pessoas, do eleitor, pode ser golpe”, disse. “Ele [Temer] terá que dizer que é golpe para 62% da população brasileira”, emendou.
Para Viana, pelo cenário que está se desenhando, o Brasil corre o risco de passar por dois traumas num espaço curto de tempo. “Pode ser que, para enfrentar um governo ilegítimo, querendo tomar medidas para atender os seus parceiros, o povo vá à rua exigir o fim de um governo e o Brasil terá um segundo trauma e essa crise econômica e política podem se agravar”, salientou.
O senador também perguntou como pode dar certo um governo – chamado por parte da imprensa como “governo de união nacional” – que assumirá o País, em caso de impeachment, com o processo sendo tocado pela Câmara dos Deputados com reuniões realizadas de madrugada, com discurso vazado antes da posse, distribuição de ministérios e cargos sem o Senado sequer ter iniciado o julgamento. “Estão querendo transformar o Senado num picadeiro? ”, questionou.
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