O ex-presidente foi homenageado com a Medalha Suprema Distinção.
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou a realização de uma reforma política como forma de restaurar a vitalidade do Congresso. “Isso significa requalificar os partidos, reduzir a força do poder econômico nas eleições e ampliar as formas de participação da sociedade no processo legislativo”, afirmou. “A reforma política enfrenta resistências, mas não vejo outra maneira de se exercer a política de forma nobre”, emendou.
O ex-presidente defendeu o financiamento público de campanhas, o fortalecimento dos partidos, a fidelidade partidária, a diminuição do número de legendas, meios mais simples para apresentação de projetos de iniciativa popular. “Reforma política é a que mais precisamos neste momento, é tempo de conversar com a sociedade, mudar o que tem de ser mudado e fazer política de cabeça erguida”, disse.
Lula foi um dos homenageados, na manhã desta terça-feira (29), com a Medalha Ulysses Guimarães, conferida pelo Senado a o parlamentares que participaram da elaboração da Constituição de 1988 e a personalidades que se destacaram no período da Constituinte, decisivo para a restauração da democracia no País. Mais tarde, o ex-presidente também recebeu a Medalha Suprema Distinção, conferida pela Câmara dos Deputados, Casa onde cumpriu seu mandato de Constituinte.
“Quero deixar o reconhecimento, em nome da Câmara dos Deputados, pelo papel que o senhor tem desempenhado durante toda a sua atuação política”, afirmou o presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), durante a solenidade. Alves lembrou o compromisso de Lula, garantindo que somente sossegaria “quando todo brasileiro fizesse três refeições por dia”, meta que o Bolsa Família, implantado pelo ex-presidente e que agora celebra uma década de funcionamento, tem contribuído para concretizar, contabilizando 36 milhões de pessoas retiradas da condição de pobreza extrema.
Falando ao Plenário da Câmara, Lula avaliou os protestos de junho, que demonstraram o desejo da população por “um pouco mais de Estado”. “O povo aprendeu a comer contrafilé e não quer voltar a comer acém, ele quer comer filé”, comentou. Lula disse que os manifestantes querem acesso a medicina de alta complexidade, querem “ser tratados como cidadão de primeira classe”. Ele criticou as vozes que se aproveitaram para negar a política.
Lula fez uma retrospectiva de sua carreira política – do movimento sindical à Presidência da República – destacando o processo da Constituinte de 1988. Ele lembrou que a Carta foi a responsável pela criação do Sistema Único de Saúde e estabelecimento de uma sociedade de múltiplos direitos. “O PT votou contra o texto final porque queríamos avançar mais, mas o PT amadureceu como partido político na Constituinte, e começamos ali a caminhada que nos levaria à Presidência em 2002”, disse.
Lula chamou atenção para a melhoria, nos últimos dez anos (período em que o PT esteve à frente do Planalto), dos indicadores sociais do País: a saída de 36 milhões da extrema pobreza; a criação de 20 milhões de empregos formais e de mais de 4 milhões de novas empresas; o aumento real de 74% do salário mínimo; a ascensão de 40 milhões para a classe média.
Em relação à educação, Lula disse ter “o maior orgulho” de ter sido o mandatário que aumentou o acesso à universidade por meio do Prouni, pelo Fies e também pela criação de escolas técnicas. “Este país já foi governado por muita gente letrada. Mas foi um presidente sem diploma e um vice sem diploma que vão entrar para História como a dupla que mais fez escolas neste País”, enalteceu.
Com informações da Agência Câmara
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