Paim defende que internauta adote na rede |
A ampliação da capacidade de comunicação, ao alcance de todos os cidadãos, por meio da internet, exige responsabilidade redobrada na hora do compartilhamento das informações, alertou, nesta segunda-feira (19), o senador Paulo Paim (PT-RS). “A explosão social online está diretamente relacionada às melhorias socioeconômicas que o País viveu nos últimos dez anos. Mas é fundamental que isso não seja usado para propagar mentiras. Antes de compartilhar, é importante pesquisar, verificar. Isso é fácil, isso é justo, isso é digno”, afirmou Paim, em pronunciamento ao plenário.
O parlamentar gaúcho lembrou que a distância da brincadeira inconsequente ao cyberbullying e daí à tragédia do linchamento de uma inocente são poucos passos — ou poucos cliques. “Desde o início da internet, ela é povoada por boatos e, muitas vezes, por mentiras, por falsas campanhas, por falsificações, por distorções, por infâmias, por coisas grotescas. Isso não é legal”, avaliou Paim, citando o linchamento e morte de Fabiane Maria de Jesus, no Guarujá, atacada após uma página no Facebook ter postado um boato sobre sequestro de crianças e bruxaria, com o retrato falado de uma possível sequestradora, que vizinhos deduziram que pudesse ser ela.
O senador lembrou o Dia Mundial da Internet, transcorrido no último sábado, e afirmou que essa ferramenta tão importante precisa ser usada com a mesma responsabilidade que as pessoas buscam ter nas suas relações sem intermediação do computador. “A internet nos permite ver além do horizonte, está presente em 90% dos lares do Brasil, conectando o mundo e mudando o hábito e as ações das pessoas”, avaliou o parlamentar. E as consequências do mau uso desse instrumento podem ser devastadoras. “Rumores transmitidos pelas redes sociais sem verificação de veracidade podem ser letais”, alertou.
Paim citou pesquisa realizada nos estados Unidos chamada Cascata de Rumores, com o intuito de mostrar como a boataria, “a proliferação incontrolável de um boato está presente nas redes sociais, causando ao ser humano um prejuízo irreparável, sem volta, como no caso do assassinato de Fabiane”. Os pesquisadores seguiram 250 mil rumores que circularam no Facebook entre julho e agosto de 2013. E conseguiram identificar que 62% eram falsos e que um único rumor falso pode circular durante longos períodos pela internet, algumas vezes por até oito anos, sendo lido e repassado por até 150 mil usuários da rede.
“Esse estudo evidencia que a possível solução para evitar tragédias como a da dona de casa Fabiane Maria de Jesus está no início do processo de circulação de um boato. Ali deve ser podado o mal pela raiz. É preciso que, antes de publicar qualquer coisa, a pessoa saiba fazer a pesquisa, fazer o filtro, checar a veracidade. Isso não deve ser uma opção, deve ser uma obrigação de cada um de nós”, discursou Paim.
O senador destacou o recente anúncio feito pela ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, sobre uma ação mais incisiva do governo para identificar criminosos que se valem das redes sociais e denunciá-los à Justiça. “Será uma estratégia semelhante à usada no combate à pedofilia, mas abarcando um número maior de violações: ataques racistas, homofóbicos e incitação ao crime, por exemplo”. O senador defende que, além de punir os crimes praticados nas redes, é preciso assegurar a “alfabetização informativa” dos usuários, por meio de campanhas de conscientização sobre o uso responsável dessas ferramentas.