Os senadores petistas Paulo Paim (RS) e Eduardo Suplicy (SP), titular e suplente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), parabenizaram os argentinos, nesta terça-feira (25/10), pela confirmação, nas eleições do último domingo, de Cristina Fernandez Kirchner para mais um mandato presidencial. “Acho que a Argentina irá avançar. Vendo a história dos dois países, não digo que Brasil e Argentina vão caminhar de mãos dadas, mas estaremos juntos, porque o povo argentino, com suas mobilizações, conseguiu vitórias importantes, como a lei de matrimônio que permite o casamento de pessoas do mesmo sexo e outras”, afirmou o senador gaúcho. “É a primeira vez na história argentina que uma mulher é reeleita para comandar o país. Ao obter mais de 54% dos votos, maioria na Câmara com 135 das 257 cadeiras e no Senado, com 38 das 72 cadeiras, o resultado significa a extraordinária legitimidade oferecida pela sociedade”, completou Suplicy.
O senador Suplicy destacou ainda uma pesquisa, divulgada hoje pelo jornal portenho Página 12, que mostra importantes avanços sociais no país vizinho. A sondagem, do Centro de Estudos e Opinião Pública da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires, mediu a receptividade popular de algumas políticas públicas e decisões do governo nos últimos anos. Os índices não deixam dúvida: a maioria concorda. A Lei dos Medios, por exemplo, que teve feroz oposição da mídia conservadora argentina, por exemplo, recebeu apoio de 54% dos 1.157 entrevistados. Em outra frente, 74% dos eleitores apóiam a entrega de Netbooks aos estudantes; 71% aprovam a lei do matrimônio igualitário; 52% aprovam o programa social “Futebol para Todos” e 67% defendem o programa Asignación Universal por Hijo, uma espécie de bolsa paga a todos os recém-nascidos até que completem 18 anos.
“A partir de setembro foi feito um reajuste no benefício dado a todas as pessoas que nascem e residem na Argentina. Elas passaram a receber algo como P$ 270, cerca de R$ 135 por criança ou adolescente até 18 anos. As exigências incluem a obrigatoriedade de vacinação e freqüência escolar, até o máximo de cinco crianças por família”, observou Suplicy. “Essa lei é um benefício universal e pode ser considerado o passo inicial para a implantação da Renda Básica de Cidadania”, observou Suplicy, lembrando-se de seu projeto mais famoso.
Afinidade entre as presidentas
Do ponto de vista econômico, os senadores petistas acreditam que a afinidade entre as presidentas Dilma e Cristina garantirá os propósitos dos dois países, com foco no crescimento e no desenvolvimento social.
“Creio na resolução dos conflitos que às vezes existem entre a Argentina e o Brasil no que diz respeito à produção de calçados, roupas, produtos agrícolas, automóveis e autopeças, porque os dois países têm unidades produtivas semelhantes. O importante é que há vontade de entendimento pelo benefício que será garantido aos dois países”, avalia Paim.
O senador comentou que a eleição de Cristina Kirchner e o início dos trabalhos do Parlasul contribuirão para estreitar os laços entre os dois países. Mas Paim avisa que sua atuação não ficará restrita aos temas econômicos, pois levará para o Parlamento do Mercosul a bandeira social que foi a responsável por levá-lo ao Congresso brasileiro. “Quando estou discutindo emprego e combate aos preconceitos é que eu quero de preferência um Mercosul sem fronteiras, onde todos tenham tratamento pelo menos semelhante. O que não existe hoje entre brancos, negros, índios, orientação sexual, liberdade religiosa, ou seja, plena liberdade”.
Mas antes do início das atividades do Parlasul, os dois senadores petistas acompanham a formação do novo governo da Casa Rosada. Com ampla maioria nas duas casas legislativas, após impor uma vitória acachapante na oposição, a presidenta agora reúne os votos necessários para renovar a Lei de Emergência Econômica, lançada ainda em 2002 por seu ex-marido Néstor Kirchner quando governava o país e que vence em 31 de dezembro deste ano – a posse de Cristina Kirchner será dia 10 de dezembro.
Essa Lei de Emergência Econômica praticamente marcou a inflexão econômica e social da Argentina, porque o governo conseguiram reestruturar a dívida financeira, adotaram políticas sociais e econômicas que privilegiavam o emprego e a melhoria da renda. Tanto é que a pesquisa do site Página 12 de hoje mostra que inclusive eleitores de candidatos da oposição apóiam as políticas do governo vitorioso, principalmente a Ley de Medios.
Marcello Antunes
Ouça a entrevista do senador Eduardo Suplicy (PT-SP)
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Ouça a entrevista do senador Paulo Paim (PT-RS)
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