Não é pouca coisa receber, em tempos de grave crise, tais avaliações.
Principalmente, de agências que jogam com tais indicadores no bojo dos movimentos que o mercado financeiro faz -não nos esqueçamos que a bolha imobiliária estourou sob as barbas dessas agências.
De todo modo, a nota representa um indicativo de confiança na capacidade de honrarmos nossos compromissos. Há pouco tempo, a Fitch, outra agência de risco, já havia elevado nossa nota de BBB para BBB, com perspectiva estável. Poucos meses depois, a japonesa R&I Japan também elevou a nota de nossa economia.
Essas avaliações positivas traduzem a confiabilidade que conquistamos na última década, num processo consistente de resolução de nossas fragilidades, que ainda são muitas. O olhar dessas agências está voltado para os compromissos fiscais que o Governo Dilma Rousseff tem feito, ampliando a capacidade de uso dos instrumentos monetários para influenciar a economia doméstica. Mas há uma questão fundamental, que é manter o crescimento e a geração de emprego mesmo na crise – justamente os maiores problemas que Europa e EUA enfrentam hoje. São também os pilares das políticas de enfrentamento da crise que o Brasil adotou.
Nesse sentido, quando a S&P recomenda que o Governo Dilma “busque políticas monetária e fiscal cautelosas, combinadas com o resiliente crescimento econômico, que possam moderar o impacto de choques externos e sustentar boas perspectivas de crescimento de longo prazo”, na verdade, está reafirmando as sinalizações que o governo já deu.
Além disso, a elevação de nossa nota de confiabilidade é uma resposta à nossa oposição, que tem apresentado teses tresloucadas sobre o papel dos bancos públicos brasileiros e do Estado, defendendo menor atuação dos bancos públicos, numa mostra de que não entendeu as diretrizes econômicas do governo e como nos protegemos da crise. E não entendeu porque está acostumada a reproduzir os ditames do Fundo Monetário Internacional e do mercado.
São esses os ditames que emperram a recuperação na Europa e influenciam negativamente a economia global. É por isso que a presidenta Dilma vê na crise uma “espécie de repetição” das “décadas perdidas” que o Brasil viveu sob a orientação do FMI, quando a recomendação era superar a crise pagando o alto preço da recessão e do desemprego. Portanto, convém não nos contentarmos com as notas das agências e seguirmos na rota do crescimento, geração de empregos e distribuição de renda. Ou seja, nosso desenvolvimento será maior se conseguirmos olhar o cenário externo e buscar soluções próprias para nossos problemas históricos.
Advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT
Artigo publicado no jornal Brasil Econômico