Os senadores baianos Otto Alencar (PSD) e Lídice da Mata (PSB) manifestaram sua indignação com a ação da Polícia Federal, que na última segunda-feira realizou uma busca e apreensão na casa do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). “É muito ruim quando uma grande injustiça se depara com alguém que não merecia receber essa injustiça”, protestou Otto.
O senador ressaltou que as obras do Estado da Fonte Nova, que a PF acusa Wagner de ter “superfaturado”, foram inauguradas há cinco anos e acompanhadas de perto pela Procuradoria-Geral da República e pelo Ministério Público Federal, em conjunto com o Tribunal de Contas da União e com a Controladoria-Geral da União. “Ministros do TCU elogiaram o modelo de contratação das obras da Fonte Nova. As acusações são levianas e descabidas. Não apareceu nenhuma prova. Foi uma coisa direcionada”, afirmou Otto, em pronunciamento ao plenário do Senado.
Café requentado
Lídice da Mata ironizou as “coincidências” registradas no ataque a Wagner: a retomada, às vésperas das eleições, de um processo de 5 anos atrás e a chegada da reportagem da Rede Globo à casa do ex-governador antes mesmo da Polícia Federal—em um tipo de ação que deve permanecer em sigilo até sua deflagração.
A Arena Fonte Nova custou R$ 600 milhões. Entre as 12 construídas no Brasil para a Copa, ela está em sexto lugar entre as mais dispendiosas em termos absolutos—a mais barata na relação entre o preço total e número de cadeiras. “É realmente estranho que um modelo desse tipo, executado em regime de parceria público-privada, possa comportar superfaturamento”, denunciou Lídice.
“Estão tentando requentar esse café, talvez para contrapor aquela imagem tenebrosa de um apartamento fechado, com dezenas de malas, com R$52 milhões, que chocou a Bahia e o Brasil, e que, de alguma forma, mancha o lado em que esses senhores estão. Jaques Wagner é um homem sério, correto, e a Bahia o conhece profundamente. A Bahia não se abalará com esse tipo de manobra”, conclui a senadora.
Solidariedade petista
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ) reiterou a solidariedade da bancada ao ex-governador Jaques Wagner e também manifestou sua estranheza com os detalhes midiáticos da operação da PF. A afiliada da Rede Globo na Bahia pertence à família do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), candidato ao governo do estado. “É impressionante ter uma equipe da Globo, que chegou antes da polícia. É claro que estavam querendo construir um fato para tentar interferir na eleição baiana e também porque o nome de Jaques Wagner é um nome nacional”.
Ainda na segunda-feira, logo após tomar conhecimento da operação, Lindbergh já havia divulgado uma nota de solidariedade a Wagner e repudiando “o caráter persecutório e totalmente antirepublicano do atual processo judicial em curso, que evidencia o planejamento de alvos a serem atingidos sob o falso argumento do “combate à corrupção”.