Em apenas um trimestre, o País viu saltar de 12,3 milhões para 13,7 milhões o número de pessoas sem trabalho, um aumento de 1, 4 milhão de desempregados. Como foi alertado, a precarização dos vínculos —a retirada radical de direitos instituída pela reforma trabalhista de Temer — não serviu nem para criar vagas, ainda que nos marcos do subemprego: nos primeiros três meses de 2018, 650 mil postos de trabalho sem carteira assinada deixaram de existir.
Esse é o quadro exposto pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o primeiro trimestre deste ano. “O golpe está destruindo o País e está matando nosso povo”, resume o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), que chama a atenção para outros dois dados alarmante, também divulgados esta semana: o investimento público — os gastos do governo que têm o poder de movimentar a economia — chegou a seu índice mais baixo dos últimos 50 anos e a dívida pública líquida já é de 52% do Produto Interno Bruto.
Pobreza extrema
No primeiro trimestre de 2018, a taxa de desocupação no Brasil saltou de 11,8% para 13,1%. Às 12,3 milhões de pessoas desempregadas do final de dezembro, mais 1,4 milhões haviam ingressado na estatística, ao final de março, totalizando 13,7 milhões de desempregados no País. Neste período, o País perdeu 400 mil postos com carteira assinada e 650 mil ocupações informais — só no emprego doméstico, foram extintas 167 mil vagas.
Em três meses, O arrocho fiscal que paralisa a economia como um todo extinguiu 255 mil empregos públicos, retirou 1,5 milhões de pessoas do programa Bolsa Família e jogou na pobreza extrema 1,5 milhões de brasileiros. “Lula e Dilma tinha tirado 32 milhões de pessoas da pobreza extrema”, lembra Lindbergh. Agora Temer está obrigando muita gente a fazer o caminho inverso. Segundo a PNAD 1,2 milhões de famílias voltaram a cozinhar com lenha, por não poderem arcar com o preço do gás .
[blockquote align=”none” author=” Senador Lindbergh Farias”] Temer está derrubando o País. Não há a menor chance de voltarmos a crescer com essa política econômica[/blockquote]
Sem atalho
Lindbergh alerta que não há atalhos para tirar o Brasil da crise. A única solução é uma guinada radical, abandonando a trilha de arrocho adotada desde o impeachment de Dilma Rousseff. “Temer está derrubando o País. Não há a menor chance de voltarmos a crescer com essa política econômica”. A desidratação dos investimentos são um exemplo. Juntando as três esferas de governo — federal, estaduais e municipais — eles chegam a apenas 1,17% do Produto Interno Bruto.
Investimento governamental, ressalta o senador, não são “desperdício”, como querem fazer crer os tecnocratas neoliberais. São gastos capazes de desenvolver a infraestrutura do país, fazer girar para frente a roda da economia e gerar empregos. Basta lembrar da prosperidade experimentada durante o governo Lula.
Naquele período, só o gasto social cresceu 10%. “O dinheiro do governo e as empresas estatais foram usados para impulsionar o País”, com efeitos benéficos para a maioria da população. Um exemplo é a crise internacional de 2008, que não atingiu o Brasil exatamente porque Lula ampliou os investimentos públicos, barrando a maré recessiva que vinha de fora. Os bancos públicos—Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES — ofereciam crédito para impulsionar desde o pequeno negócio às grandes obras de infraestrutura, gerando muitos empregos.
Lindbergh destaca particularmente a política de conteúdo local, que estabeleceu percentuais mínimos obrigatórios para o emprego de produtos e serviços nacionais em uma cadeia produtiva, estimulando a economia, como ocorreu na cadeia de óleo e gás, que gerou milhões de empregos com a construção de navios, plataformas, sondas.
Dívida crescente
Além de resultar em verdadeira razia na economia e na qualidade de vida dos brasileiros—quem não está desempregado está assustado e gastando cada vez menos—a política de Temer sequer consegue atingir o seu objetivo, que seria impedir, na base do custe o que custar, a explosão da dívida pública.
Quando Dilma deixou o governo, a dívida líquida equivalia a 39% do PIB, mas o arrocho de Temer, ao contrário de reduzi-la, já a fez saltar para 52% do PIB. “Essa receita vai destruir o País. Para melhorar a situação da dívida, a economia tem que crescer”, alerta Lindbergh. “Lula, quando assumiu a Presidência, encontrou uma dívida líquida de 60% do PIB. Ele baixou esse número para 34%, porque garantiu o crescimento econômico, a geração de empregos. Quer dizer, Lula fez o contrário do que Temer está fazendo”.
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