Rede Brasil Rural: oficinas de capacitação e 250 cooperativas de agricultores

Idealizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e lançada em 13 de dezembro, a Rede Brasil Rural (RBR) começa a operar nesta terça-feira (06/03). Após várias oficinas estaduais de capacitação e do cadastramento de mais de 250 cooperativas de agricultores familiares de todo País, o acesso à rede está aberto, agora, a todos os interessados.

Poderão acessar a ferramenta os clientes interessados em comprar produtos da agricultura familiar, assim como fornecedores de insumos que desejam vender para os agricultores. O cadastro pode ser acessado e preenchido através do endereço eletrônico.

“A partir do dia 6, nós vamos dar mais competitividade à agricultura familiar e vamos dar aos consumidores acesso aos produtos dessa agricultura. Temos, agora, uma oportunidade muito grande de aumentar a renda dos agricultores e, até, de contribuir com a meta inflacionária do governo, levando um alimento mais barato e de qualidade a esses consumidores”, afirma o coordenador da Rede Brasil Rural, Marco Antonio Viana Leite.

De acordo com ele, inicialmente, o funcionamento da RBR será parcial, aumentando de forma gradativa até o mês de junho, quando começará a operar plenamente. A iniciativa foi bem recebida pelos produtores. “Estamos enxergando esse projeto como solução de vários problemas, tanto na questão de insumos, como na venda de produtos”, relata Márcio Mota, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Itaobim, Minas Gerais.

Com a entrada da rede, a agricultura familiar brasileira passa a usufruir da comodidade e da velocidade do mundo virtual. A ferramenta ganha vida num momento simbólico, já que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas. De acordo com a organização, o cooperativismo deve ajudar o mundo a erradicar a pobreza e, também, ajudar na transição para uma produção de alimentos mais sustentável. Em 2011, as cooperativas brasileiras exportaram um total de US$ 6,175 bilhões, com um acréscimo de 39,8% em relação ao ano anterior.

A partir de agora, o MDA abre um canal para que agricultores possam comprar produtos que os beneficiem, como embalagens, máquinas, insumos agrícolas agroecológicos e, além disso, para que também possam revender sua produção para todo o País. As compras em grande quantidade e a comparação de preços de produtos e fretes entre fornecedores devem baratear o custo dos agricultores, tornando seus produtos mais competitivos.

Operação

Neste primeiro momento, ficarão disponíveis para visualização na rede os perfis das cooperativas cadastradas, bem como sua oferta de produtos. Desta forma, potenciais clientes, como redes de supermercados e hotéis, por exemplo, poderão acessar a ferramenta e fazer suas encomendas. Até o final deste mês também estará disponível um cadastro de mais de quatro mil itens de diversos fornecedores, que poderá ser acessado pelos agricultores.

Já o Armazém Virtual, ambiente para as compras da merenda escolar, entra em operação até junho. A interface com Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) começará sua fase de testes em até 40 dias e deve iniciar suas atividades até o final do primeiro semestre.

Merenda Escolar e Brasil Sem Miséria

A RBR terá ainda um espaço voltado apenas para o Pnae. Por meio dele, os agricultores terão acesso às chamadas públicas para fornecer alimentos às escolas da rede pública brasileira. A lei da alimentação escolar prevê que, no mínimo, 30% dos recursos destinados pelo Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a merenda escolar sejam direcionados à compra da produção da agricultura familiar. A rede cria, assim, um canal que facilita a vida dos gestores das escolas e dos agricultores.

“Muitos municípios, estados e escolas ainda encontram dificuldades para encontrar produtores que atendam à demanda da merenda. Já os agricultores, por vezes, não tinham acesso rápido a informações sobre a abertura de processos de compras. A RBR, agora, resolve tudo isso”, destaca o coordenador. A rede ajudará a organizar a oferta de alimentos por tipo de produto, região, estado e município e divulgará a necessidade de compras para a merenda, por meio de licitações lançadas pelas escolas.

A previsão de aumento da produção e da comercialização de alimentos estimulado pela rede beneficiará, igualmente, uma importante parcela da população brasileira: aquela para quem foi criado o Plano Brasil Sem Miséria, ou seja, brasileiros que vivem em lares cuja renda é de até R$ 70 por pessoa.

Armazém Virtual

As cooperativas e associações detêm um vasto catálogo de produtos diferenciados que compõe o Armazém Virtual da Agricultura Familiar, um dos pilares da RBR. Esses produtos vão de cachaças orgânicas a embutidos artesanais, passando por queijos finos, sucos, vinhos, artesanatos de todas as regiões do País e cosméticos elaborados a partir de matérias-primas brasileiras.

A expectativa é que, inicialmente, chegue a 1,6 mil o número de cooperativas que irão usar integralmente a ferramenta, beneficiando cerca de 200 mil agricultores familiares por meio de compras e vendas pela plataforma.

Por meio do Armazém Virtual, que funcionará como uma vitrine on-line para o comércio interessado, consumidores poderão adquirir produtos exclusivos do setor e as cooperativas da agricultura familiar poderão expor seus produtos. As grandes redes de varejo também são potenciais clientes já que, no atacado, podem negociar o preço em ambiente virtual seguro diretamente com quem produz.

O consumidor ganhará um mapa de ofertas da agricultura familiar por estado, município ou por produto. Após escolher a mercadoria, ele a receberá em casa através dos Correios, transportador oficial da agricultura familiar nesta parceria e que cuidará de toda a logística de entrega de produtos, tanto para os agricultores, quanto para os clientes. Os custos de transporte serão incluídos no preço final do produto, facilitando ainda mais a vida dos agricultores.

“A Rede Brasil Rural irá potencializar o trabalho das cooperativas ao diminuir a distância dos produtores com o mercado. Também vai possibilitar aos consumidores produtos da agricultura familiar com preços diferenciados. São dois pontos cruciais: produto de qualidade e preços acessíveis”, salienta Marco Antonio.

Crédito do BNDES

Outro importante parceiro do ministério na rede é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As compras dos agricultores familiares serão feitas com o cartão do banco, a ser entregue às cooperativas e associações participantes. O BNDES, que já atende a micro, pequenas e médias empresas, passa a ser um grande agente financiador dos empreendimentos da agricultura familiar.

A instituição definiu um limite de negociação de até R$ 1 milhão por cartão, com opção de até cinco cartões por cooperativa, financiamento de três a 48 parcelas e taxa de juros pré-fixada no ato da compra. Juntamente com o crédito, as cooperativas ampliam as possibilidades de financiamento para além de itens ligados exclusivamente à produção e industrialização (máquinas e insumos). Soluções de internet, comunicação visual, reciclagem, logística e armazenagem são algumas das opções de financiamento.

Da produção ao beneficiamento

A Rede Brasil Rural foi idealizada para solucionar os gargalos da agroindústria familiar, que ainda sofre para encontrar fornecedores de insumos, matérias-primas e itens para beneficiamento que atendam à demanda da produção de menor escala, em quantidade e preço.

A parceria com a indústria tem o objetivo de expandir a experiência bem-sucedida do programa Mais Alimentos. As novidades estão associadas à oferta de mais insumos e suprimentos para as agroindústrias, como embalagens, e as negociações em forma de compras coletivas a serem feitas por meio da rede. Outra novidade é a possibilidade de ofertar insumos para a agricultura ecológica e orgânica, fomentando a agroecologia.

Capacitação

Desde dezembro de 2011, o ministério leva equipes a campo em diversos estados brasileiros para promover a capacitação e o cadastramento das cooperativas e associações na RBR. Os técnicos do ministério já passaram por 11 estados com grande importância na agricultura familiar e papel central no setor agrícola brasileiro.

As duas últimas capacitações desta etapa ocorrerão ainda este mês em Rondônia e São Paulo. O restante da capacitação dos estados será feita numa segunda etapa.

Até agora, aproximadamente 250 cooperativas já foram cadastradas. Todas tem a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf – DAP Jurídica), pré-requisito para participar da ferramenta.

Ministério do Desenvolvimento Agrário

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